As flores que ilustram a postagem foram carinhosamente cultivadas por Horaida Santos Reis, irmã na fé, de São Francisco de Paula |
“Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos trementes. Dizei
aos turbados de coração: sede fortes, não temais; eis que o vosso Deus virá com
vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará.” Isaías 35:3,4
Sentimento natalino
Eu nunca me dei muito bem com essas datas (Natal e Ano
Novo), me bate uma nostalgia, tenho saudades do meu tempo de criança, lembro de
uma ocasião que fizemos uma encenação na Igreja, em São Francisco de Paula,
entrando vestidos de anjos enquanto os adultos cantavam "Nasce Jesus".
Depois disso, sempre foi faltando alguma coisa ou alguém. E acaba batendo a
tristeza. Além disso, o verdadeiro sentido do Natal parece tão abandonado. É
festa, presentes, desperdício em nossas mesas. Enquanto isso, tanta gente
passando necessidade, sem esperança. Mesmo assim, só me resta pedir a Deus que
nos abençoe e que não percamos de vista o ensinamento de Jesus!
Na véspera do Natal de 2008, eu descrevi meu sentimento
daquele momento (texto acima). Passada quase uma década, neste 24 de dezembro
de 2016, o pensamento continua atual e, assim, resolvi partilhá-lo com os
amigos.
E para uma boa reflexão, partilho, também, partes do Boletim
Devocional “Crer é rezar... e rezar é servir”, de 21 de dezembro de 2008, do
meu saudoso bispo Prado (*).
Boletim Devocional Semanal nº 350
Ano VIII - 21 de Dezembro de 2008 - Advento IV
Os Anjos, o Advento, o Natal e a Epifania
Nas leituras desta época do ano os Anjos do Senhor andam
muito ocupados. Um deles visita Zacarias e diz que sua esposa teria uma criança.
Outro aparece ainda à Maria, José, aos pastores e aos magos. Os anjos também
apareceram a Moisés na sarça ardente; à Agar, a mãe de Ismael; e a Abraão
quando preparava o sacrifício de seu filho Isaque. Jacó luta com anjo.
Uma experiência devocional séria talvez fosse convidar pessoas
da sua congregação que tivessem algum relato semelhante de visitação. Aquilo
que pode parecer uma “reunião” bem breve (com escassas experiências...), pode
bem acabar por se tornar um bom ciclo de relatos de visitações. É possível que
o “tema” pareça piegas ou do gênero da bobice “new age”. Mas a Fé Cristã, com
maturidade e inteligência, acolhe a presença dos anjos não só nos relatos bíblicos
do passado, mas na vida pessoal dos crentes em cada geração. Qual seria o seu
relato da visitação de um anjo? O que teria feito com que o anjo o/a visitasse?
O que foi que seu anjo disse? Estas são perguntas devocionais que vale aprofundar
no tempo que já estamos vivendo, antes e depois do Natal do Senhor. Rezar é
crucial para nós, o tempo todo. Mas o tempo do Advento é uma oportunidade muito
especial para que se reúnam pequenos grupos (ou em família) para que se
amadureça na busca de Deus.
O exercício devocional que referimos antes pode ser uma
ocasião de crescimento e comunhão justamente agora quando nos preparamos esperando
pela vinda do bem mais valioso! Se você entende que a intensidade do esforço ou
a pequenez de sua fé são impedimentos, recorde que o Deus Altíssimo vem a nós
como um nenê. Isto não é só surpreendente. É também perigoso! Os nenês, afinal
são fracos, incapazes de se defender, necessitam de cuidados e, não devemos
esquecer, não conseguem dizer muita coisa! O hino 20, Pequena Vila de Belém,
composto pelo Revdo. Philip Brooks, mais tarde Bispo de Massachusetss, foi pela
primeira vez cantado no Natal de 1868. A terceira estrofe nos ensina assim:
“...sereno e sem alarme, vem Ele ao mundo assim, trazendo aos homens redenção,
amor e paz sem fim.” Sereno e sem alarme!
Para Meditar e Rezar
“Há uma estrada, uma única, segura contra toda possibilidade
de desvios. É a estrada provida por Aquele que é ao mesmo tempo Deus e homem.
Como Deus, Ele é o alvo; como homem, Ele é o caminho.” Santo Agostinho, City of
God, Penguim Books, 1972, página 431
“É em Jesus que vemos o ser humano tornar-se seu verdadeiro
eu, no abrir mão do ego, algo que acontece quando o ser humano é possuído por
Deus. O sentido do que significa ser humano aparece aí onde a divindade se
cumpre, e a glória de um é a glória do outro. A expressão – Homem para os
outros – é iluminadora, mas não é a história toda, pois Deus criou o ser humano
não somente para os outros, mas também para Si.” Arc. Michael Ramsey, God, Christ and the World, SCM
Press, 1969, pág. 100
“No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o
Verbo era Deus...Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito. O que
foi feito nele era a vida e a vida era a luz dos homens; e a luz resplandece
nas trevas, mas as trevas não a apreenderam.” Evangelho de São João 1.1-5
O Mistério do Dia
Através de Maria o segredo dos tempos se revela. Deus
prometeu que da casa de Davi viria um rei para governar para sempre, em paz e retidão;
agora, finalmente, Gabriel se aproxima de Maria com a grande notícia. Ela, ao
lado de José, da casa de Davi, e por seu filho, deixam o mundo conhecer o Rei
único e eterno. A resposta pronta de Maria nos ensina a como responder à
visitação de Deus em nossas vidas.
(*) D. Luiz Osório Pires Prado foi bispo da IEAB - Igreja Episcopal Anglicana do Brasil