sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O Centro do Universo

Sou um ser importante do Universo. Não apenas do meu Universo, mas de todo este vasto mundo que, creio, foi criado por um ser superior que muitos, entre eles eu, chamam de Deus. Independente da formação cristã que tenho, entendo que sou importante, mas não o mais importante.
Por mais esclarecidos que pensamos ser, de tempos em tempos (Felizmente, comigo, não com muita freqüência.), queremos ser o centro do Universo. Começamos a achar que todas as coisas estão erradas, que ninguém nos dá ouvidos, que tudo seria bem diferente se estivéssemos no comando das ações. Tudo correria melhor se fossemos o centro das atenções. Quando passamos por estas fases de “desvio de função”, sofremos e deixamos de cooperar para que a vida ao nosso redor seja melhor.
Racionais, dotados de uma inteligência superior com relação às demais criaturas do Universo, nós, humanos, devemos viver com o objetivo de fazer com que a existência de todos, indistintamente, seja melhor. E uma coisa que aprendi há muito tempo: devemos dar bons exemplos, pois sempre haverá alguém se espelhando nas nossas atitudes, nos nossos gestos.
Por isso, mesmo não sendo o centro do Universo, sei o quanto é importante praticar o bem e passar bons exemplos aos que me rodeiam.

Eu só peço a Deus

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente,
Que a morte não me encontre um dia
Solitário, sem ter feito o que queria.
Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente,
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucado brutalmente.
Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente,
É um monstro grande e pisa forte,
Toda a pobre inocência desta gente.
Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente.
Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganado
Pra viver uma cultura diferente.
(Leon Gieco)

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A fé, a esperança e o amor

“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente.
Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada.
Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria.
O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais passará.
As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado; limitada é também a nossa profecia. Mas quando vier a perfeição, desaparecerá o que é limitado.
Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei adulto, deixei o que era próprio de criança.
Agora vemos como em espelho e de maneira confusa; mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei como sou conhecido.
Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor.”
(I Coríntios 13: 1-13)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

O encontro

“O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome.”
(De uma carta de Hélio Pellegrino)

sábado, 13 de outubro de 2007

Dia do Professor - ainda há o que comemorar?

Comemora-se nesta segunda-feira, o Dia do Professor. Acho até que ficaria melhor dizermos que, anos atrás, comemorava-se no 15 de outubro, o Dia do Professor. Os tempos são muito difíceis para esta categoria, não apenas pelas questões salariais, mas, principalmente, pelo comportamento da sociedade e a conseqüente falta de respeito, de pais e alunos.
Lembro-me que na minha infância (E não faz tanto tempo assim!) havia algumas profissões que eram muito respeitadas, e entre elas estava o professor, a professora. Infelizmente, os tempos mudaram e hoje já não se dá o devido valor àqueles que se dedicam à educação.
Quando eu fui alfabetizado, a professora era vista por mim, e também pelos meus pais, como uma autoridade. Os pais até poderiam questionar alguma decisão da professora; as crianças, jamais. Podia até ocorrer alguns exageros, mas no somatório dos resultados, essa autoridade era sempre positiva.
Aliás, a função do professor era bem diferente da que eles desempenham atualmente. A educação começava em casa. As crianças sabiam que deviam respeitar os mais velhos, sabiam que as brincadeiras com os colegas tinham horários e limites. Haviam regras a serem seguidas. O professor passava novos conhecimentos e auxiliava na correção de alguns problemas na educação das crianças. Até entendo que o termo mais adequado para o professor era mestre e não educador. Educar era tarefa do pai, da mãe.
Hoje, com as mudanças que a sociedade sofreu, onde os adultos saem cedo de casa para o trabalho e não têm tempo para as crianças, na maioria dos casos, os pais estão mais preocupados em ter alguém que tome conta de seus filhos do que com a formação que eles terão. Ao invés de buscar um mestre, querem uma babá.
Como a estrutura que o Estado (a sociedade) oferece ao professor deixa muito a desejar, obviamente, este já não consegue instruir, muito menos educar. Como conseqüência temos, cada vez mais, crianças que não têm limites, que não respeitam nada. E o que é pior, professores desanimados, pensando em buscar outra atividade profissional.
O que no passado era um sonho (ser professor), hoje, em muitos casos, é um pesadelo. Infelizmente, por culpa de todos nós, e não destes profissionais, a alegria do professor está no feriado (Por não precisar ir à escola) e não na comemoração pelo seu dia.Conseguiremos mudar essa situação? Eu não sei! Mas tenho certeza que, sob pena de vivermos dias ainda piores, precisamos lutar pela dignidade e pelo respeito aos professores!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Morte em vida

A véspera do feriadão do Dia da Criança foi de fortes emoções para mim. Na quarta-feira, pela manhã, eu tentava entender o que havia ocorrido na noite anterior, lá no interior de Santa Catarina, naquele duplo acidente estúpido, quando uma colega de trabalho chegou na Redação, visivelmente emocionada.
- Gente, sabe a menininha que aguardava por um transplante de coração... que fizemos matéria? Ela conseguiu um doador, fez a cirurgia, mas houve uma rejeição... Faleceu.
Quase fui às lágrimas com a história da menina de apenas cinco anos e de sua família, que acabaram vencidos pela doença.
No início da tarde, uma notícia na Internet, também de morte, levou-me a remexer nos meus baús de recordações. O falecimento de Luís Carlos Scala, zagueiro do Inter lá nos anos 60/70, vítima do Mal de Alzheimer, com apenas 67 anos, igualmente, entristeceu-me.
Mas as emoções da quarta-feira não tinham terminado. À noite, quando cheguei em casa, minha mãe, D. Flor, estava a minha espera.
- Sabe quem morreu? Perguntou, com uma tranqüilidade que talvez somente vivendo mais de 80 anos e com uma religiosidade muito forte para consegui-la.
Como sempre procuro agir nestas horas, disse, sem titubiar:
- Claro, o Scala.
Ela, que sequer sabia quem era Scala, falou:
- O Eron.
Não foi nenhuma surpresa para mim. Eu já temia que isso acontecesse, mas não pude evitar a exclamação:
- Meu Deus, que droga!
Na manhã de quinta-feira, fiz uma caminhada, depois peguei minha motinho, que é um santo remédio contra muitos males, entre eles o estresse e a depressão (Só precisa muito cuidado com os perigos do trânsito.) e rodei uns 80 km, de Novo Hamburgo a Santo Antônio da Patrulha, para despedir-me do amigo.
Aproveito, quando caminho ou ando de moto, para refletir sobre a vida. E a morte é, como diz a sabedoria popular, a coisa mais certa da vida. Logo, não me faltava assunto para a reflexão.
O que mais me incomoda, com relação ao Eron, não é a maneira como ele escolheu deixar essa vida. Minhas convicções religiosas me fazem acreditar que ele foi recebido na glória de Deus. Aborrece-me o fato de, enquanto ele viveu, não ter parado com todos os meus afazeres, num dia qualquer, para visitá-lo e dizer, como já havia contado a outras pessoas, o quanto eu gostava dele. Na minha adolescência, ele fora uma referência, um ídolo. Assim como eu admirava o Scala no futebol e sonhava jogar como ele, eu, tímido e sem graça, pensava um dia crescer e ser como o primo Eron.
- Meu Deus, que droga! O tempo passa, nossos conceitos mudam. Quem sabe, não havia alguma coisa boa em mim que pudesse ajudá-lo nesses últimos tempos.
- Meu Deus, que pena!

sábado, 29 de setembro de 2007

Nem sempre o que se vê é ouro

Foi tão importante, quanto difícil, mas foi a primeira vez. E eu sabia que precisava enfrentar aquele momento e mostrar a mim mesmo que era capaz. Eu era um moço, cheio de vitalidade, não tinha por que ter medo daquela hora.
Mas havia alguns motivos de preocupação. Meus colegas, todos jovens inexperientes como eu, recuaram e nem sequer se animaram a correr os olhos sobre ela, muito menos tocá-la e, quiçá, penetrar nela e sentir o gozo que poderia nos oferecer.
Eu, que era um moço cheio de princípios, ia à igreja semanalmente, às vezes até participava da liturgia lendo os salmos ou a epístola, estava deveras apreensivo. Meus pais me ensinaram que devíamos fazer as coisas certas.
Foram algumas noites mal dormidas, de reflexão e tomada de decisão.
- Que Deus tenha misericórdia de mim e me livre do pior, pensava eu, quando chegou o dia combinado.
Naquela noite, tomei um banho mais demorado do que de costume, nem quis comer aquele feijão-mexido que até hoje a D. Flor, minha mãe, faz tão bem. Fui para a escola sentindo calafrios, o coração, às vezes, disparava.
Naquele ano, o Inter, meu time querido, novamente fazia um grande campeonato e estávamos prestes a conquistar, em cima do Corinthians, o bicampeonato brasileiro. Os colegas estranharam pois, ao contrário do que sempre ocorria, naquela noite nem de futebol eu queria falar. E os mais abusados logo perceberam o meu nervosismo e vieram com aquelas piadinhas de mau gosto:
- É hoje, eih, vê se na hora não vai amarelar, tu estás muito nervoso.
Eu estava nervoso, é verdade, mas tinha me preparado para a ocasião.
- Meu Jesus, que chegue a hora da verdade, pedi, silenciosamente, como sempre fazia quando me sentia acuado. Afinal, embora ainda jovem, eu tinha alguma intimidade com Deus e já tinha aprendido que podia confiar nEle. Mas para o que eu ia fazer, valia pedir socorro ao Criador?
Finalmente, tocou o sinal para o início da aula. Entrei na sala e até a professora percebeu que eu estava nervoso, mas mesmo assim, perguntou-me em tom encorajador:
- Pronto para o grande momento? Então venha à frente da classe e conte-nos.
Com as pernas trêmulas, levantei-me e caminhei, nervoso, mas sabendo o que teria que fazer. E comecei a contar a história para todos os colegas.
Eles me olhavam atentos, mesmo assim, fui dizendo o quanto havia sido prazeroso passar várias horas manuseando aquele livro, penetrando na história. Contei, com as minhas próprias palavras, a trajetória de “Fernão Capelo Gaivota”, uma ave que sonhava alçar vôos mais altos.
Foi muito importante para mim, pois aquela foi a primeira vez que tive a coragem de falar em público, de frente para as pessoas. E foi depois disso que percebi que eu poderia, mesmo sendo tímido, levar alguma mensagem às pessoas. E assim fui tomando gosto pela coisa e hoje me preparo para ser um sacerdote.
Ah, se você começou a ler este comentário imaginando que ele teria outro desfecho, lembre-se, nem tudo que se vê é ouro, nem sempre a primeira impressão é a verdadeira.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Começando bem a semana

Você pode iniciar a sua semana maldizendo a chuva, afinal, são tantos dias com esse aguaceiro, mas a sua indignação não vai fazer brilhar o sol nesta segunda-feira.
Você pode não gostar de segunda-feira, mas não adianta riscá-la de seu calendário, pois terá que suportá-la para que possa, depois, viver a terça, a quarta, a quinta e então curtir outro final de semana.
Sendo assim, ignore a chuva, ou, quem sabe, deixe que ela toque em seu rosto como se fosse o carinho de uma pessoa que goste de você. Surpreenda seus amigos, aqueles que também não gostam de segundas-feiras, com um sorriso. Fazendo isso, poderá continuar chovendo e, certamente, a segunda-feira cumprirá todas as suas horas, minutos e segundos, mas você iniciará sua semana bem melhor.
Acredite, a segunda-feira passa, a chuva passa. Depois da segunda, logo ali, vem outro fim de semana e depois da chuva vem, outra vez, aquele sol maravilhoso.
Achou óbvio tudo o que eu disse? É, mas se você está de mau humor porque está chovendo e porque é segunda-feira, é por que você ainda não entendeu o óbvio.