Religião e Fé - II

segunda-feira, 28 de maio de 2012


Para progredir e alcançar objetivos

De tanto ver nos noticiários, e até próximo de nós, pessoas que dão “um jeitinho”, que “fecham um olho” para certos fatos, começa a ser voz corrente em todos os segmentos da sociedade que é preciso relevar muitas coisas para que vivamos melhor, para que possamos progredir e alcançar objetivos. E assim, vamos perdendo valores e, o que talvez seja pior, não temos mais referências (exemplos) a seguir.
Entre outros pontos abordados no trecho do Evangelho (Mateus 12: 22-32) recomendado para esta segunda-feira está a seguinte expressão usada por Jesus: “Quem não está comigo, é contra mim.” Nesta, e em várias passagens do Evangelho, percebe-se que Deus não gosta de cristãos que ficam em cima do muro. Se somos cristãos, temos de nos posicionar como tais, ainda que isso implique em algumas perdas, a menos que a nossa busca seja apenas pela alegria momentânea. Saibamos, porém, que a vida vai muito além de momentos.
Imitemos o salmista que diz: “A ti Senhor, elevo a minha alma. Ó Deus meu, em ti confio; não seja eu confundido; não me subjulguem meus adversários. Sim, ninguém dos que em ti esperam seja confundido; confundidos sejam os que mesmo sem causa te negam.” (Salmo 25: 1-3)
Os textos bíblicos recomendados para esta segunda-feira (28) são:
Salmo 25 ou 9, 15
Provérbios 10:1-12
I Timóteo 1: 1-17
Mateus 12: 22-32

quinta-feira, 17 de maio de 2012


Faça aos outros o que você quer que façam a você

O trecho do Evangelho de São Mateus escolhido para esta sexta-feira traz recomendações interessantes sobre nosso comportamento no dia a dia. Via de regra, esquecemos que somos todos pecadores, observamos quase tudo e estabelecemos juízo sobre tudo, na maioria das vezes, sem nenhum conhecimento de causa. É diferente do que o apóstolo Paulo recomenda (Lembra? “Observai tudo e retende o que é bom.”). Julgamos as pessoas pela aparência, pelos seus gostos e costumes. Queremos sempre ser bem tratados e respeitados, mas muitas vezes esquecemos da recomendação de Jesus Cristo: “Tudo que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles.”
Leia e reflita sobre os textos bíblicos recomendados para esta sexta-feira (18):
Salmo 106: 1-18 ou 106: 19-48
Levítico 23: 1-22
II Tessalonicenses 2: 1-17
Mateus 7: 1-12

quarta-feira, 16 de maio de 2012


Basta a cada dia a própria dificuldade

“Por isso é que eu lhes digo: não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que vestir. Afinal, a vida não vale mais que a comida? E o corpo não vale mais do que a roupa? Olhem os pássaros do céu: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, o Pai que está no céu os alimenta. Será que vocês não valem mais do que os pássaros? Quem de vocês pode crescer um só centímetro, à custa de se preocupar com isso? E por que vocês ficam preocupados com a roupa? Olhem como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Eu, porém, lhes digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Ora, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, muito mais ele fará por vocês, gente de pouca fé! Portanto, não fiquem preocupados, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir? Os pagãos é que ficam procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. Pelo contrário, em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas. Portanto, não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá as suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade.”
O trecho acima, do Evangelho de São Mateus (6: 25-34), pode parecer uma apologia à preguiça, ao desleixo, à acomodação, mas se observarmos o comportamento de muitas pessoas que nos rodeiam (ou quem sabe o nosso próprio), veremos que a preocupação de Jesus era, e é, com os excessos que cometemos. Reflita sobre essa passagem bíblica e veja se você não tem se preocupado além da conta com coisas desnecessárias, ou coisas que estão fora do seu alcance resolvê-las. Lembre-se, um dos males da atualidade é a ansiedade. Busque primeiro o que realmente pode mudar a sua vida.
Os textos bíblicos recomendados para esta quinta-feira (17):
Salmo (70), 71 ou 74
Levítico 19: 26-37
II Tessalonicenses 1: 1-12
Mateus 6: 25-34

 

terça-feira, 15 de maio de 2012


Onde está o seu tesouro?

Transcrevo na integra a passagem do Evangelho recomendada pelo Calendário Litúrgico para esta quarta-feira (16). Mateus 6: 19-24 é um texto de fácil leitura, mas que exige muitíssima reflexão. Precisamos ter bem claros os valores que queremos para nossas vidas. Eis o que diz o Evangelho:
“Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões assaltam e roubam. Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam. De fato, onde está o seu tesouro, aí estará também o seu coração. A lâmpada do corpo é o olho. Se o olho é sadio, o corpo inteiro fica iluminado. Se o olho está doente, o corpo inteiro fica na escuridão. Assim, se a luz que existe em você é escuridão, como será grande a escuridão! Ninguém pode servir a dois senhores. Porque, ou odiará a um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e às riquezas.”
Os textos bíblicas recomendados para esta quarta-feira (16):
Salmo 72 ou 119: 73-96
Levítico 19:1-18
I Tessalonicenses 5: 12-28
Mateus 6: 19-24

segunda-feira, 14 de maio de 2012


“Assim como nós perdoamos aos nossos devedores”

No trecho do Evangelho de São Mateus (6: 7-15) recomendado para esta terça-feira (15), Jesus nos ensina a orar. “Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.”
Muitas vezes repetimos esta oração e nem nos damos conta do seu significado. Vale refletir sobre este ensinamento de Jesus.
Os textos bíblicas recomendados para esta terça-feira (15):
Salmo 61, 62 ou 68: 1-20 (21-23) 24-36
Levítico 16: 20-34
I Tessalonicenses 5: 1-11
Mateus 6: 7-15

domingo, 13 de maio de 2012


Viver sem hipocrisias

Vivemos um modelo de sociedade onde o que mais conta é a ostentação; precisamos a cada momento mostrar o quanto somos inteligentes, espertos, bem sucedidos. Para atingir tal perfil, muita gente esquece, ou coloca em segundo plano, valores básicos da fé cristã e os objetivos pessoais se sobrepõem às necessidades comuns. Ou seja, pensamos somente em nós e ignoramos o nosso próximo.
A soberba é combatida por Jesus, como lemos na passagem do Evangelho recomendada para esta segunda-feira (14). “Não pratiquem a justiça de vocês diante dos homens só para serem elogiados por eles. Quando der esmola, não mande tocar trombeta na frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas para serem elogiados pelos homens. Quando vocês rezarem, não sejam como os hipócritas...”
Leia e reflita sobre os textos bíblicas recomendadas para esta segunda-feira (14):
Salmo 56, 57 (58) ou 64, 65
Levítico 16: 1-19
I Tessalonicenses 4: 13-18
Mateus 6: 1-6, 16-18

 

sábado, 12 de maio de 2012


O Espírito da Verdade

Os cristãos primitivos não tinham dúvidas quanto a ação de Deus sobre suas vidas, se deixavam guiar por Ele e cumpriam as suas determinações. A experiência de Felipe com o eunuco, que encontramos em Atos dos Apóstolos 8: 26-40, evidencia essa confiança na ação de Deus sobre a vida do cristão.
Felipe seguiu para o sul sem saber o que deveria fazer, apenas cumpriu a ordem do anjo e desceu de Jerusalém para Gaza. No caminho ele encontrou o eunuco etíope que lia o profeta Isaías, mas não entendia. Novamente, Felipe não questionou a determinação do anjo, aproximou-se do eunuco e ajudou-o a compreender a profecia e, mais, falou-lhe sobre a Boa Nova. Resultado, o eunuco se converteu a Jesus Cristo e mudou sua vida.
 Na primeira carta de São João 3: 14-24, encontramos orientação sobre como devemos agir para sermos merecedores e seguidores de Jesus Cristo. A epístola diz: “E o seu mandamento é este: que tenhamos fé no nome do seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, conforme ele nos mandou”.
E, finalmente, no Evangelho de São João 14: 15-21, nos é revelado de onde virá a força e a orientação para darmos testemunho de nossa fé, como Felipe fez com o eunuco. Jesus nos garante: “Então, eu pedirei ao Pai, e ele dará a vocês outro Advogado, para que permaneça com vocês para sempre. Ele é o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele mora com vocês, e estará com vocês.”
As leituras bíblicas recomendadas para este domingo são:
Salmo 66: 1-11
Atos 8: 26-40 ou Deuteronômio 4: 32-40
I João 3: (14-17 18-24 ou Atos 8: 26-40
João 14: 15-21

sexta-feira, 11 de maio de 2012


Olho por olho, dente por dente

Não é fácil seguir a risca as recomendações de Jesus Cristo, principalmente se nos deixarmos levar pelos valores seculares. Os valores da sociedade, ainda nos dias atuais, são “olho por olho, dente por dente”. Jesus diz: “Não se vinguem de quem fez o mal a vocês.” Amar a quem nos quer bem é muito fácil, mas Jesus recomenda amarmos os nossos inimigos.
Ainda que tenhamos dificuldades em entender as promessas de Jesus de um mundo vindouro, sem dor nem mágoas, se tentarmos viver com maior tolerância e menos rancor, este mundo pode se tornar melhor. Leia o Evangelho recomendado para este sábado (Mateus 5: 38-48) e tire as suas conclusões.
As leituras recomendas para este sábado são as seguintes:
Salmo 55 ou 138, 139: 1-17(18-23
Êxodo 40: 18-38
I Tessalonicenses 4: 1-12
Mateus 5: 38-48

quinta-feira, 10 de maio de 2012


Amor mútuo para com todos

O trecho da Primeira Carta aos Tessalonicenses (3: 1-13), recomendada para esta sexta-feira, mostra a preocupação de São Paulo com um pequeno grupo de convertidos ao cristianismo que se formou em Tessalônica quando ele esteve lá. Tessalônica era uma “grande cidade comercial e ponto de encontro para muitos pensadores e pregadores das mais diversas filosofias e religiões” (Bíblia - Edição Pastoral). Para que aquela pequena comunidade não fraquejasse na fé, o apóstolo Paulo enviou Timóteo para a cidade e mais, queria informações sobre eles.
Nos dias atuais, vivemos situações parecidas com o que São Paulo presenciou em Tessalônica. São tantos apelos mundanos, consumistas, ambiciosos e individualistas; o vil metal vale mais que a vida de nossos semelhantes (o próximo). Até mesmo algumas correntes cristãs pregam uma relação vertical com o criador (individualista).
Como o apóstolo Paulo, precisamos estar sempre atentos e intercedendo pelo fortalecimento da fé de nossos irmãos; aqueles que estão próximos e também os que estão distantes. “Que Deus, nosso Pai, e nosso Senhor Jesus dirijam nosso caminho até vocês. Que o Senhor os faça crescer e aumentar no amor mútuo e para com todos, assim como é o nosso amor para com vocês, a fim de que o coração de vocês permaneça firme e irrepreensível na santidade diante de Deus, nosso Pai” (3: 11-13).
As leituras bíblicas recomendadas para esta sexta-feira são:
Salmo 40, 54 ou 51
Êxodo 34: 18-35
I Tessalonicenses 3: 1-13
Mateus 5: 27-37

segunda-feira, 7 de maio de 2012


Clima de otimismo no Concílio da Diocese Meridional da IEAB

Com o lema “Missão – na perspectiva do amor”, realizou-se na Paróquia São Lucas, em Canoas, de sexta a domingo (dias 4, 5 e 6), o 119º Concílio da Diocese Meridional da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. Os trabalhos, congregando 25 comunidades (entre paróquias e missões) foram presididos pelo Bispo Diocesano Dom Orlando Santos e Oliveira. Dentre os assuntos tratados entre o clero e delegados leigos estava a eleição de um novo bispo, o que deverá acontecer ainda este ano, pois Dom Orlando deve se aposentar.
Participei apenas da celebração de encerramento do evento, mas pude constatar que o clima é de otimismo e esperança com o momento vivido pela Diocese Meridional. A expectativa é que a Carta Pastoral seja discutida em nossas paróquias e que, “na perspectiva do amor”, cumpramos a nossa missão como parte da Igreja de Jesus Cristo neste mundo tão conturbado.

domingo, 6 de maio de 2012


Milhares de fiéis na Romaria das Mães

Na manhã deste domingo (6), milhares de fiéis de toda a região participaram da tradicional Romaria das Mães que iniciou em São Leopoldo e culminou com uma grande celebração no Santuário de Maria Imaculada Conceição (Santuário das Mães), no bairro Roselândia. A programação desta 14ª edição do evento iniciou às 6 horas com a concentração em frente ao largo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo. Por volta das 7 horas os peregrinos seguiram em direção a Novo Hamburgo. Às 11 horas, uma enorme multidão se concentrou em frente ao templo do Santuário das Mães, onde o bispo de Bagé, Gíllio Felício, presidiu a Eucaristia.
A Romaria das Mães é uma promoção da Diocese Católica Romana de Novo Hamburgo e na linha de frente da iniciativa, estavam o reitor do templo mariano, Monsenhor Airton Luiz Haack, e a comissão de mães do santuário em parceria com a Ordem dos Legionários de Maria Imaculada (Olmi).

sexta-feira, 4 de maio de 2012


Igrejas cristãs de Novo Hamburgo promovem Cantando a Unidade

De 20 a 27 de maio acontece a Semana de Oração Pela Unidade dos Cristãos e para marcar a data, o Serviço Ecumênico de Novo Hamburgo (Senha) promove o Cantando a Unidade. Será na terça-feira (22), às 19h30, no Salão Nobre do Colégio Santa Catarina. O evento, segundo o presidente do Senha, reverendo Ives Vergara, é aberto a toda comunidade.

 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Acreditem na boa notícia

Jesus não escolhe seus discípulos pelo seu status, conta bancária ou grau de instrução. Para segui-lo basca acreditar e praticar a Boa Nova. Assim como Simão e André, deixaram suas redes na praia e abandonaram a pesca para seguir o Mestre, nós também deveríamos prestar mais atenção no chamado de Deus em nossas vidas.

As leituras bíblicas recomendadas para esta terça-feira (28) são Salmos 45 ou 47, 48; Gênesis 37: 12-24; I Coríntios 1: 20-31; e Marcos 1: 14-28.

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um refúgio seguro

“Em ti, Senhor, busco refúgio: não seja eu jamais confundido; livra-me em tua retidão. Inclina para mim os teus ouvidos, apressa-te em me livrar; sê para mim um rochedo inexpugnável, um baluarte onde me salve.”
O salmista pode ajudar em nossas preces neste início de Quaresma. Lembre-se, este é um período de contrição, de arrependimento. Arrume um tempinho em sua agenda e “reúna-se” com o Criador. Com certeza, Ele lhe ouvirá e lhe dará guarida.

As leituras recomendadas para esta sexta-feira, 24, são o Salmo 31 ou 35; Ezequiel 18: 1-4, 25-32; Filipenses 4: 1-9; e João 17: 9-19.

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012


Satisfaça os desejos de teu coração

“Não te indignes à vista dos malfeitores; nem tenhas inveja dos que praticam maldade. Porque eles breve serão cortados como a relva; e, como a erva verde, murcharão. Confia no Senhor e pratica o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade. Alegra-te no Senhor; que ele satisfará os desejos de teu coração. Entrega ao Senhor o teu caminho; nele deposita a tua confiança e ele fará o mais. Fará resplandecer como a aurora a tua justiça; e, como a luz do meio dia, o teu direito. Descansa no Senhor e espera nele; não te irrites à vista do que prospera, à presença do que executa planos de maldade. Reprime a cólera e depõe a ira; não te impacientes, que só do mau é isso próprio.”
O trecho acima do salmo 37, recomendado para esta quinta-feira (dia 23), dispensa qualquer comentário neste início de Quaresma. Leia também Habacuque 3: 1-10 (11-15) 16-18; Filipenses 3: 12-21; e João 17: 1-8.

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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


Onde está o seu tesouro?

“Onde está o seu tesouro, aí estará também o seu coração.”

A Quarta-feira de Cinzas marca, no Calendário Cristão, o início da Quaresma, um tempo de arrependimento, tempo de conversão, tempo de preparação para a Páscoa.

Antigamente, os cristãos mudavam suas rotinas durante a Quaresma, não iam a bailes, não faziam festas. Atualmente, alguns segmentos do cristianismo, talvez baseados no Evangelho recomendado para hoje (Mateus 6: 1-6, 16-21), já não são tão rigorosos. O que não se pode abrir mão é da reflexão sobre nossa fé. Precisamos reservar algum tempo, e a Quaresma é um período apropriado, para avaliarmos como está a nossa vida. E um bom começo pode ser refletindo sobre o versículo que abre este comentário.

As demais leituras recomendadas para esta Quarta-feira de Cinzas são o Salmo 103 ou 103: 8-14; Joel 2: 1-2, 12-17 ou Isaías 58: 1-12; e II Coríntios 5: 20b-6:10.

Uma oração apropriada para as reflexões da Quaresma encontra-se no LOC – Livro de Oração Comum da IEAB – Igreja Episcopal Anglicana do Brasil:

“Onipotente e Eterno Deus, que amas tudo quanto criaste, e que perdoas a todos os penitentes; cria em nós corações novos e contritos, para que, lamentando deveras os nossos pecados e confessando a nossa miséria, alcancemos de Ti, Deus de suma piedade, perfeita remissão e perdão; por nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.”
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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012


Amem-se uns aos outros

“Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros.” (João 13: 34)

Todos admitimos: precisamos um mundo melhor. O difícil é que cada um faça a sua parte. No trecho do Evangelho (João 13: 31-38) recomendado para esta sexta-feira, 17 de fevereiro, Jesus dá a receita. A solução é simples, o complicador é que esperamos que os outros dêem o primeiro passo. Jesus mostrou, na prática, que precisamos dar o bom exemplo. Se as pessoas ao seu redor parecem insensíveis, não desanime; não há outro jeito de mudar este mundo.

As demais leituras recomendadas para esta sexta são o Salmo 16, 17 ou 22; Provérbios 23: 19-21, 29-24: 2; e II Timóteo 4: 9-22.

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Pra tudo, tudo, se acabar na quarta-feira...

Desde minha tenra idade, sempre gostei de Carnaval e até, por um curto período, integrei um bloco que participava dos festejos de momo em Santo Antônio da Patrulha e Região. Sei que o momento não é para pregar moral, mas me preocupa a grande inversão de valores que temos vivido atualmente. Aliás, faltam-nos valores.

Quarenta anos atrás, quando comecei a participar de festas, entre elas o Carnaval, cometia-se exageros, obviamente. Mas os excessos não eram exaltados. As pessoas extravasavam nessas ocasiões, porém alguns princípios que nos regiam evitavam que agredíssemos (até a morte, como temos visto nos noticiários) alguém que olhava para a garota que estávamos interessados, ou alguém com comportamento “diferente” no nosso.

Sem medo (ou com medo, não sei?) de parecer careta ou antiquado, asseguro que o desprezo pela religiosidade tem contribuído para esse pandemônio que vivemos. Hoje, cometemos exageros e depois não refletimos sobre eles e a consequência é passarmos a achar que tais coisas são normais.

Bons tempos aqueles em que, mesmo a contragosto (por obediência a nossos pais) íamos à Igreja na Quarta-feira de Cinzas e, ainda que timidamente, pedíamos que Deus nos perdoasse e orientasse.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012


A cegueira da sociedade

O trecho do Evangelho de João (9: 18-41) recomendado para esta terça-feira, dia 14, mostra mais uma cura realizada por Jesus e a inconformidade de uma sociedade doentia que não aceita a inclusão de quem vive marginalizado por sua cegueira.

Ainda nos dias atuais, a pior cegueira é do sistema em que estamos inseridos que discrimina e condena os que não se enquadram nos seus padrões. Cabe a nós, cristãos, darmos exemplos de que aceitamos e entendemos o verdadeiro sentido da Epifania.

Reflita sobre o sentido desta quadra do Ano Cristão que está terminando. As demais leituras bíblicas recomendadas para esta terça são o Salmo 97, 99, (100) ou 94 (95); Gênesis 31: 1-24; I João 2: 1-11; e João 9: 18-41.

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domingo, 12 de fevereiro de 2012


Testemunho da Vida Plena


“Porque a Vida se manifestou, nós a vimos, dela damos testemunho, e lhes anunciamos a Vida Eterna.” (I João 1:2)
Entramos na última semana da Quadra da Epifania, período que a Igreja Cristã ressalta a glória de Deus em Jesus Cristo. É tempo de abrirmos nossos corações para a Boa Nova. Reflita e certifique-se o quanto você tem aceito Jesus Cristo em sua vida.
As leituras bíblicas recomendadas para esta segunda-feira (13) são o Salmo 89: 1-18 ou 89: 19-52; Gênesis 30: 1-24; I João 1: 1-10; e João 9: 1-17.
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


O que é impuro?

“Paremos, portanto, de julgar uns aos outros. Ao contrário, preocupem-se em não ser causa de tropeço ou escândalo para o irmão. Sei e estou convencido no Senhor Jesus: nada é impuro por si mesmo. Mas, se alguém acha que alguma coisa é impura, essa coisa se torna impura para ele.” (Romanos 14: 13-14)

As recomendações do apóstolo Paulo são sempre fortes e chamam o povo a uma vida harmoniosa onde o respeito mútuo deve prevalecer. Pena que nos dias atuais não dediquemos mais tempo para refletir sobre as suas orientações.

As leituras bíblicas recomendadas para este sábado são o Salmo 87, 90 ou 136; Gênesis 29: 1-20; Romanos 14: 1-23; e João 8: 47-59.

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012


A verdade libertará vocês

“Se vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos; conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês.”

Não basta conhecer a palavra de Deus, é necessário praticá-la. O apóstolo Paulo, na Carta aos Romanos, dá uma boa dica: “Que o amor de vocês seja sem hipocrisia: detestem o mal e apeguem-se ao bem.”

As leituras recomendadas para esta quinta-feira, 9 de fevereiro, são as seguintes: Salmo (83), 146, 147 ou 85, 86; Gênesis 27: 30-45; Romanos 12: 9-21; e João 8: 21-32.

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012


Transformem-se pela renovação da mente

“Não se amoldem às estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente, a fim de distinguir qual é a vontade de Deus.”

Os conselhos de Paulo, como o que encontramos em Romanos 12: 1-8, bem que poderiam ser mais aplicados nos dias atuais. Infelizmente, o que temos feito é amoldar Deus a nossa vontade, o que nos leva a um individualismo doentio e uma sociedade cada vez mais desnorteada.

Se cremos que Jesus é a luz do mundo (João 8: 12-20), temos que levar essa luz a quem vive nas trevas, temos que partilhar essa luz com os que nos rodeiam. Leia e reflita sobre as leituras bíblicas citadas e veja a que estruturas estás moldado.

As demais leituras recomendadas para esta quarta-feira são Salmo 119: 97-120 ou 81,82; e Gênesis 27: 1-29.

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra


“Quem de vocês não tiver pecado, atire nela a primeira pedra.” Essa foi a reação de Jesus quando lhe apresentaram a mulher adúltera. Ele não a condenou. Recomendou, apenas, que ela não pecasse mais.

Vivemos em um mundo onde condenamos tudo e todos. Diferente de Jesus, julgamos o que sequer compreendemos e esquecemos que não estamos isentos do pecado. O que Jesus deseja é que tentemos evitar o pecado, sabendo que isso não nos dá direito a julgar os outros.

As leituras bíblicas recomendadas para esta terça-feira são o Salmo 78: 1-39 ou 78: 40-72; Gênesis 26: 1-6, 12-33; Hebreus 13: 17-25; e João 7: 53-8: 11.

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domingo, 5 de fevereiro de 2012


Se alguém tem sede...

“Se alguém tem sede, venha a mim, e aquele que acredita em mim, beba.”

Li numa postagem no Facebook, neste domingo: “Enquanto Jesus for apenas a Bíblia na sua mão, um chaveiro na sua mochila, uma corrente no Orkut, uma frase no Twitter, um curtir no Facebook. Nada mudará.” Aí, quando comecei a leitura do Evangelho (João 7: 37-52) recomendado para esta segunda-feira, dia 6, lembrei-me da dificuldade que temos em, realmente, confiar em Jesus.

Dizer que cremos é muito simples. O complicado é assumir o compromisso com Jesus e, consequentemente, beber da água da vida, comprometer-se com a sua missão. Não basta dizer “Jesus eu te amo”. É preciso amar ao próximo como a nós mesmos.

As demais leituras para esta segunda-feira são o Salmo 80 ou 77, (79); Gênesis 25: 19-34; e Hebreus 13: 1-16.

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Quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Sentimento natalino
Eu nunca me dei muito bem com essas datas (Natal e Ano Novo). Me bate uma nostalgia, tenho saudades do meu tempo de criança, lembro de uma ocasião que fizemos uma encenação na Igreja em São Chico entrando vestidos de anjos enquanto os adultos cantavam "Nasce Jesus".Depois disso, sempre foi faltando alguma coisa ou alguém. E acaba batendo a tristeza.E além disso, o verdadeiro sentido do Natal parece tão abandonado. É festa, presentes, desperdício em nossas mesas.Enquanto isso, tanta gente passando necessidade, sem esperança.Mesmo assim, só me resta pedir a Deus que abençoe os meus amigos e que não percamos de vista o ensinamento de Jesus!

Quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
O sofrimento humano
(Mais um texto que elaborei para a disciplina Teologia e Metodologia Pastoral)

Se Deus é bom, como explicar tanta dor no mundo?

Ainda se não bastassem, as divergências e picuinhas entre os cristãos das diversas denominações, outro ponto crucial embaraça o crente e, às vezes, faz a sua fé balançar: o sofrimento humano. Se Deus é bom, e todo o religioso convicto tem essa certeza, não podemos atribuir o sofrimento à vontade do Criador. Por outro lado, se existe o mal, e não temos como negá-lo, pode ficar fragilizado o argumento de que Deus é bom e onipotente. Aqui, parece-me que se encaixa bem a tese de Santo Agostinho de que é preciso crer para compreender, pois só acreditando em Deus e na Boa Nova de Jesus Cristo podemos aceitar o sofrimento sem incorrer no tão comum erro de atribuí-lo aos desígnios do Criador.

O tema sofrimento humano tem tirado o sono de muitos cristãos, sejam eles teólogos ou leigos. Há, inclusive, algumas correntes de pensamentos neo-pentecostais que pregam que o verdadeiro crente está imune ao mal. Outros, também fundamentalistas, sem se darem conta que com isso estão tirando a bondade do Criador, atribuem o mal a vontade de Deus. Encontramos, ainda, aqueles crentes “pés no chão” que, racionalmente, aceitam a existência do mal e do sofrimento e o atribuem ao livre-arbítrio, à ganância humana, à falta de solidariedade. Esses últimos, embora, às vezes, lhes faltem argumentos para explicar o sofrimento, conseguem compreender que a dor humana independe do grau de fé que possuímos. Compreendem, inclusive, que a fé ajuda a suportar o sofrimento. Quando a pessoa tem fé, passa a impressão de que o sofrimento lhe aproxima ainda mais de Deus. Aliás, Jesus mesmo disse: “Felizes os que sofrem, pois herdarão o céu...”

Nada sintetiza melhor o sofrimento do que a paixão e morte de Jesus, na cruz. Ele pagou, injustamente, pelos pecados de toda a humanidade. Quando sofremos e suportamos a dor, experimentamos a cruz. Essa é a opinião do teólogo Martin Dreher em uma de suas obras. Ele usa a figura bíblica de Elias para falar sobre o sofrimento, ressaltando que na vida do profeta podemos perceber muito do que experimentamos em nossas vidas. Dreher chama atenção para os altos e baixos, glórias e derrotas na vida de Elias. Essas alternâncias existenciais permitiram que o profeta vivenciasse o que significa experimentar a cruz.
Desde os tempos mais remotos, a humanidade busca sempre a vitória, a glória. Foi assim com Elias, no monte Carmelo. Derrotar e humilhar os profetas de Baal, conforme o relato bíblico, foi uma glória para o profeta. E nós hoje, invocando esse mesmo Deus, buscamos sempre mais. Precisamos ser os melhores na escola, no trabalho, na sociedade. E quando isso ocorre, comportamo-nos de forma ainda mais cruel do que Elias. Ele atribuía a seu Deus a vitória, enquanto nós, na maioria das vezes, esquecemos de Deus quando somos bem sucedidos.
Mas Deus, na sua infinita bondade, veio ao mundo para mostrar-nos que a verdadeira vitória não está em derrotar os nossos desafetos. Jesus Cristo, encarando a natureza humana, venceu o mundo e a morte, com o verdadeiro amor, compadecendo-se com os que sofrem, chorando com os enlutados, querendo o bem até mesmo daqueles que o desprezam. E o seu sofrimento foi ao extremo, até a morte na cruz.
Jesus ensinou que o seu reino não era desse mundo e nós, no momento de maior dor que é o da morte de nossos entes queridos, usamos uma liturgia pascal. Mas isso não nos deve tornar insensíveis, pois o próprio Jesus chorou diante da sepultura de seu amigo Lázaro.

Depois de ter sido ateu por muitos anos, C. S. Lewis, em seu livro “O Problema do Sofrimento”, enfatiza que é preciso uma reflexão muito profunda para que possamos discorrer sobre o tema sem passar aos incrédulos a idéia já corrente de que a religião é algo ingênuo e sem fundamento. Lewis ressalta que as criaturas provocam sofrimento ao nascer e vivem infligindo sofrimento e, além disso, são dotadas de razão, uma qualidade que lhes tornam capazes de prever o seu próprio padecer, sua própria morte. A história humana, em sua maior parte, é um registro de crimes, guerras, doenças e terror. E quando se é feliz, vivemos temendo perder essa felicidade.
Diante desse quadro, Lewis argumenta que não há como acreditar que isto seja obra de um espírito benevolente e onipotente. Toda a evidência aponta para a direção oposta, ou seja: que não exista um espírito por traz do universo ou que ele seja perverso e indiferente ao bem e o mal. Assim, Deus seria o oposto do que prega o cristianismo, pois seria inconcebível atribuir a um Criador sábio e bondoso a criação de um universo mau.
Este mesmo autor adverte que, em certo sentido, o cristianismo cria, em vez de resolver, o problema do sofrimento. Quando falamos da onipotência de Deus, devemos ter bem claro que ela significa poder para fazer tudo que é intrinsecamente possível e não para fazer o que é intrinsecamente impossível. Lewis também chama atenção para o fato de que Deus pode fazer milagres, mas não tolices. E isto não é um limite ao seu poder. Nem mesmo a Onipotência poderia criar uma sociedade de almas livres sem ao mesmo tempo criar uma natureza inexorável e relativamente independente. A liberdade de uma criatura deve significar liberdade de escolha e escolha implica na existência de coisas a serem escolhidas. Se estivéssemos num mundo que variasse conforme os caprichos do Criador, não haveria o exercício do livre-arbítrio. O que nos parece bom pode não ser bom aos olhos de Deus e o que nos parece mau pode não ser mau. A bondade divina diverge da nossa.
O problema de reconciliar o sofrimento humano com a existência de um Deus que ama só é insolúvel enquanto associamos um significado trivial à palavra amor e considerarmos as coisas como se o homem fosse o centro delas. Lewis observa que o homem não é o centro e Deus não existe por causa do homem. Quando queremos ser outra coisa que não aquela que Deus quer que sejamos, devemos estar desejando, de fato, aquilo que não nos fará felizes. Deus dá o que Ele possui e não o que não possui.

Ram Dass e Paul Gorman, no livro “Como Posso Ajudar? Estórias e Reflexões sobre Serviço”, ressalta que o sofrimento dos outros espontaneamente liberta nosso desejo de socorrer. Abrimos o coração, nos sensibilizamos com o problema, mas, segundo o livro, ai surge a preocupação quanto ao grau de exigência que o sofrimento alheio acarretará sobre nós. Aparece, então, o medo que é uma reação ao próprio sofrimento e uma reação de resistência à compaixão natural do coração quando este vai ao encontro de alguém para participar de sua dor. Enquanto o coração não conhece limites na doação de si próprio, a mente se sente chamada para estabelecer limites. Por isso nos parece tão difícil escolher como vamos responder à dor de outros.
Dass e Gorman destacam que talvez procuremos solucionar essa tensão sem realmente ter que abrir a porta ao sofrimento. Como uma descarga de consciência, visitamos, rapidamente, um amigo doente ou fazemos uma contribuição beneficente, mas será que essas medidas vão satisfazer os corações, o nosso e o de quem sofre? Ajudar significa muito mais do que isso. Muitas vezes abrimos a porta parcialmente, demarcando limites de tempo e espaço para nosso envolvimento com o sofrimento dos outros.
Jesus teve compaixão do povo humilde que sofria. Por isso alimentou multidões e curou muitas pessoas. Dass e Gorman argumentam que a compaixão vem normalmente à medida que nos abrimos para a experiência do sofrimento. Quando observamos o sofrimento dos outros e nos compadecemos deles, nossa mente se abre e encontramos o apoio da verdade viva para ajudar.

Tanto quanto é difícil falar sobre o sofrimento, é importante refletir sobre ele. E quanto menos buscamos conhecê-lo, mais incorremos no erro de atribuí-lo ao diabo ou até mesmo a Deus. Seguidamente ouvimos pessoas dizerem, quando vêem alguém sofrendo: “É a vontade de Deus!”, “Deus quis assim!”, “Deus sabe o que faz!”. E tanto se ouve isso que acabamos não nos dando conta que Deus não pratica o mal e nem paramos para perceber o quanto de culpa temos ou o quanto somos indiferentes ao sofrimento dos outros.
Mas quando, realmente, vivemos a experiência da cruz, passamos a enxergar o mundo com outros olhos e, seguindo o exemplo de Cristo, temos compaixão pelos que sofrem e sofremos com eles. E essa experiência de compartilhar a dor nos traz maturidade, coragem e serenidade para encarar as dificuldades e provações que a vida nos reserva.
E mesmo que tenhamos a tentação de pensar que Deus, criador de todas as coisas, é também responsável pelo mal, vale ressaltar, como disse C.S. Lewis, foram os homens e não Deus que inventaram a tortura, os chicotes, as prisões, a escravidão, as armas, as baionetas e as bombas. Também, a pobreza e o excesso de trabalho são produtos da avareza ou da estupidez humana e não uma distorção da natureza.
Talvez a humanidade não possa erradicar por completo o sofrimento, mas, com certeza, viveríamos muito melhor e conviveríamos mais tranqüilamente com o sofrimento, se buscássemos primeiro fazer a vontade de Deus e O colocássemos no centro de nossas vidas. E sempre vale lembrar que Deus mesmo se fez homem e viveu entre nós, sofrendo por nossas culpas, sem nunca perder a compaixão.

REFERÊNCIAS

DASS, Ram; GORMAN, Paul. Como Posso Ajudar? Estórias e Reflexões sobre Serviço. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1987.

DREHER, Martin N.; Conversando sobre Espiritualidade, São Leopoldo: Editora Sinodal, 1992.

LEWIS, C. S.; O Problema do Sofrimento,Oxford. 1940.



Conhecendo Minha Diocese
Diocese Meridional


Fernando da Silva Santos
Prof. Revdo. Hermes Daniel Rodriguez
Seminário Teológico Dom Egmont Machado Krischke – SETEK
Teologia e Metodologia Pastoral
25/06/2008

RESUMO


Para conhecer a história da Diocese Meridional da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, é necessário conhecer a própria IEAB. E para entender a sua realidade, igualmente, é preciso conhecimento sobre sua trajetória nestes 109 anos de atuação em solo brasileiro. Os primeiros anos foram de grande expansão, mas a partir da década de 1950, quando ocorreu a divisão do Distrito Missionário em dioceses, as dificuldades começaram a surgir e se agravaram na década de 1980, com a emancipação financeira. Nesse cenário, a Diocese Meridional sobreviveu, manteve-se fiel ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, como ensinaram os missionários Morris e Kinsolving, mas seu crescimento cessou. Hoje, a Diocese Meridional busca alternativas para enfrentar os novos desafios.

Palavras-chave: Desprendimento; Coragem; Confiança.


1 INTRODUÇÃO

A origem da Diocese Meridional confunde-se com o surgimento da Igreja Episcopal no Brasil. Embora a diocese somente tenha sido criada em 1950, quando houve uma divisão territorial da Igreja Brasileira, a sua história começa com a chegada dos missionários James Watson Morris e Lucien Lee Kinsolving, em 1889, ano da proclamação da República. Antes disso, em 1853, durante o Império, a Igreja Americana mandara ao Brasil o missionário Willian Cooper, mas este não logrou êxito em sua investida.
No final do século XIX, as igrejas Presbiteriana e Metodista já atuavam no centro do País. Os batistas também tentavam atuar no Rio de Janeiro e na Bahia, lembrando sempre que a Igreja Católica Romana era a “religião” oficial. Por esse motivo, Morris e Kinsolving se estabeleceram em Porto Alegre, em 1890. Em 1891vieram os missionários William Cabell Brown e John Gaw Meem. Este último tinha interesse especial pelo País, pois seu pai havia trabalhado como engenheiro na Estrada de Ferro Central do Brasil.


2 PRIMEIROS PASSOS

O missionário Henry Martyn foi o primeiro anglicano a pisar no Brasil. Em 1805, ele estava viajando para a Índia e permaneceu por 15 dias na Bahia.Outro anglicano que esteve no Brasil, antes da vinda de Morris e Kinsolving, foi Richard Holde, que viveu no Pará entre os anos de 1860 e 1872.
O anglicanismo floresceu, aqui, graças à dedicação e trabalho incansável dos missionários. Mas também precisam ser lembrados os catequistas, leigos preparados pelos reverendos, que, igualmente, dedicaram suas vidas pela causa de Cristo. O primeiro catequista foi Vicente Brande.
A seara, como hoje, era grande e os trabalhadores eram poucos. Mesmo assim, superando a falta de pessoal e as distâncias, em setembro de 1891 já havia trabalho da Igreja Episcopal em Porto Alegre, Santa Rita e Rio Grande. Enquanto Morris e Kinsolving se desdobravam para organizar e ampliar a missão brasileira, os catequistas Boaventura Oliveira (em Santa Rita), Américo Vespúcio Cabral (Porto Alegre) e Vicente Brande (em Rio Grande) cuidavam da manutenção das crescentes comunidades recém criadas.


3 EXPANSÃO

Com base na história dos primeiros passos da Igreja Anglicana no Brasil, percebe-se que as atividades da Diocese Meridional, ou o que viria a ser a DM meio século depois, iniciaram com as comunidades de Porto Alegre, Santa Rita e Rio Grande.
Os anglicanos no Brasil, nunca fizeram proselitismo, porém a sua história está repleta de padres, pastores e até congregações inteiras que deixaram suas denominações de origem para seguir o modelo e a doutrina da Igreja Episcopal. A congregação de Rio Grande foi o primeiro exemplo disso. Uma comunidade fundada pelo missionário presbiteriano Emanuel Van Orden que, em 1891, transferiu-se para o anglicanismo. O Revdo. Morris foi o seu primeiro pároco.
Homens de fé profunda e consciência da obra que haveriam de realizar no solo brasileiro e também com grande percepção das necessidades do povo, os missionários logo viram que Pelotas (hoje sede de uma diocese), a cidade mais importante do Estado, depois de Porto Alegre, era solo fértil para lançar as sementes do anglicanismo. Assim, em 1892, foram enviados para lá o Revdo. Meem e o catequista Antônio Fraga. A missão começou numa sala de José Fernando Duval, pai do futuro Revdo. Nataniel Duval da Silva.
Em 1907, a Missão Episcopal no Brasil foi elevada à condição de Distrito Missionário.


4 VISITA EPISCOPAL

O primeiro bispo a visitar o Brasil foi Gerge W. Peterkin, que desembarcou em Rio Grande em 23 de agosto de 1893. Ele conheceu o trabalho de todas as congregações: Rio Grande, Porto Alegre, Santa Rita, Pelotas e São José do Norte. Nessa época, mais de 100 pessoas eram membros da Igreja Episcopal Brasileira e o bispo Peterkin ordenou os primeiros ministros locais.
Brande foi ordenado diácono, em 28 de agosto de 1893, na Capela do Salvador, em Rio Grande, diante de uma congregação de 300 pessoas. Em 1º de setembro do mesmo ano foi ordenado Antônio Machado Fraga. E ainda em setembro de 1893, foram examinados e também ordenados diáconos os candidatos Américo Vespúcio Cabral e Boaventura de Souza.
Peterkin defendia uma igreja nacional independente e percebia a necessidade de construção de igrejas, pois os prédios alugados eram caros e logo se tornavam pequenos. Da sua visita ao Brasil resultou a ordenação de quatro diáconos; 142 pessoas confirmadas; três centros irradiadores de missão (Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande); tradução do Livro de Oração Comum (LOC) e de literatura cristã; nomeação de uma comissão permanente e missionária; e adoção de uma declaração de princípios.
Porto Alegre tinha, na época, 60 mil habitantes e intensa atividade Católica Romana. Pelotas contava com uma população de 30 mil e Rio Grande 15 mil habitantes. Vale ressaltar que naquela época, uma viagem de Porto Alegre a Viamão, de carroagem, levava cerca de três horas.
Em 1897, o bispo inglês Waite H. Stirling, que residia em Buenos Aires, veio ao Brasil. Em 13 de maio daquele ano, os revdos. Brande, Fraga e Cabral foram ordenados ao presbiterado. Boaventura, por problemas de comportamento, foi afastado das atividades clericais e partiu com sua família para Minas Gerais.
A visita de Stirling foi de apenas 14 dias (de 6 a 20 de maio), pois ele seguia para a 4ª Conferência de Lamberth, marcada para julho de 1897. Em função da visita do bispo, a Igreja Brasileira foi, pela primeira vez, mencionada na Conferência.


5 CONVOCAÇÕES

O primeiro concílio, que era chamado de Convocação, ocorreu em Porto Alegre, no ano de 1892. A reunião não teve caráter oficial. Canonicamente, portanto, a 1ª Convocação aconteceu em Rio Grande, de 3 a 8 de março de 1894. Ainda sem a presença de leigos, o clero (Morris, Kinsolving, Meem, Cabral, Boaventura, Fraga e Brande), entre outros assuntos, discutiu o trabalho animador, iniciado pelo Revdo. Cabral, em São Leopoldo, cujos cultos eram realizados na Igreja Protestante.
De 22 a 27 de abril de 1895, na Capela da Trindade, em Porto Alegre, aconteceu a 2ª Convocação, desta vez com a presença de leigos. Neste concílio foi discutida e aprovada a primeira constituição e os primeiros cânones da Igreja Protestante Episcopal no Sul dos Estados Unidos do Brasil. Tratou-se também da necessidade de sagração de um bispo.
A Capela do Redentor, em Pelotas, de 15 a 18 de janeiro de 1896, reuniu a 3ª Convocação, presidida pelo Revdo. Brown. Estavam presentes os quatro presbíteros, os três diáconos e representantes leigos. Eles trataram sobre a instrução e preparação dos diáconos, a necessidade de nova visita episcopal e os limites paroquiais, pois os metodistas queriam que os episcopais só atuassem no sul do Estado.
O pedido de eleição de um bispo foi negado pela Igreja Americana, o que só foi possível dois anos mais tarde, em 1898, em uma convocação extraordinária. Também em convocação extraordinária, foi aprovado o LOC que Brown traduziu e adaptou durante dois anos. Essa primeira versão do LOC brasileiro foi usada até 1930.
A preocupação com a formação do ministério era latente desde o começo da Igreja Brasileira. Na 4ª Convocação, em 1897, quando passamos a ter a denominação de Igreja Protestante Episcopal dos Estados Unidos do Brasil, discutiu-se a necessidade da criação de um seminário teológico. No ano seguinte, na 5ª Convocação, foi criado oficialmente o Seminário Teológico que entrou em funcionamento em 1903, em Rio Grande.


6 PRIMEIRO BISPO

Uma convocação extraordinária foi realizada nos dias 30 e 31 de maio e 1º de junho de 1898, na Capela do Bom Pastor, em Porto Alegre, elegendo o missionário Lucien Lee Kinsolving o primeiro bispo.
Sob o episcopado de Kinsolving, o trabalho prosperava e, no ano de 1907, a Igreja Brasileira foi reconhecida como Distrito Missionário. Já tínhamos aqui, 13 clérigos, 1.366 membros comungantes, 1.046 alunos na Escola Dominical e congregações em Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas, Viamão, Santa Rita, São José do Norte, Santa Maria, Bagé, Jaguarão, São Gabriel, São Leopoldo, Florida (Cangussú) e Santa Helena (Pelotas).
Em Montenegro, o trabalho iniciou em 1909, com o Revdo. Antônio Machado Fraga. No ano seguinte, era construída a Igreja em São Leopoldo. No distrito de Casinhas, interior de São Francisco de Paula, também foi construído um templo, em 1927.
No primeiro quarto de século do anglicanismo no Brasil, o trabalho prosperou muito, conforme o quadro abaixo:

Ano
1898
1925
Bispos
-
2
Clérigos
7
28
Membros comungantes
443
2.762
Membros batizados
50
13.535
Membros confirmados
448
4.997
Alunos da Escola Dominical
378
2.537
Escolas Dominicais
7
46
Escolas Diárias
1
5
Professores da Escola Dominical
27
200
Templos e capelas
9
25


7 DIOCESE MERIDIONAL

Em 1950, o Distrito Missionário foi dividido em três dioceses: Meridional, Sul Ocidental e Central. Seus primeiros bispos foram, respectivamente, Athalício Theodoro Pithan, Egmont Machado Krischke e Louis Chester Melcher.
Por ter sido o Sul do Brasil o ponto de início dos trabalhos da Igreja Brasileira, coube à Diocese Meridional, a área mais desenvolvida, na época, do Distrito Missionário.
Ao assumir a diocese, em 1950, o bispo Pithan nomeou o Revdo. Orlando Batista como secretário do bispado e instituiu a Paróquia da Trindade, em Porto Alegre, como sede da autoridade eclesial. O Revdo. Jessé Krebs Appel foi escolhido como Deão.
Pithan dividiu a diocese, nomeando George Upton Krischke arcediago de Porto Alegre; Mário Bohrer Weber arcediago do Nordeste, que abrangia São Leopoldo, Novo Hamburgo, Caxias do Sul e Montenegro; Nataniel Duval da Silva arcediago da Zona Sul (Rio Grande, Pelotas, Cangussú e Santa Helena); e Nadir Simões Mattos arcediago missionário, que atenderia São Francisco de Paula, Gravataí e Santo Antônio da Patrulha.
A área geográfica da diocese era grande, mas isso não era problema para o clero que, aliás, buscava sempre novas fronteiras. Foi assim que, no início da década de 50, o Revdo. Henrique Todt Jr. visitou uma comunidade evangélica de Araranguá, no Sul de Santa Catarina. Em 1952, o Revdo. Arthur Rodolfo Kratz era transferido para lá a fim de dar andamento ao trabalho.
Em Santo Antônio da Patrulha, onde Américo Vespúcio havia pregado muitas vezes e já existiam várias missões, o Revdo. Nadir iniciou os cultos regulares. Também na década de 1950, o veterano catequista Oliveiros Marcelino Teixeira, que havia trabalhado muitos anos em Casinhas, transferiu-se para Caxias do Sul. Sob orientação do Revdo. Mário Webber, iniciava-se o trabalho da Paróquia da Virgem Maria. E, no fim daquela mesma década, o Revdo. Weber também liderou os trabalhos que deram início às atividades em Novo Hamburgo.
O bispo Pithan aposentou-se em 1956, sendo sucedido por D. Egmont Machado Krischke que transferiu-se de Santa Maria para Porto Alegre. Em 1965, a Igreja Brasileira transformou-se na 19ª Província da Comunhão Anglicana e Krischke foi eleito o seu primeiro bispo primaz.
Krischke foi um grande incentivador do ministério leigo e dizia que as verdadeiras batalhas da fé não se davam no interior do templo, nos concílios ou nas assembléias paroquiais, mas nos escritórios, nas fábricas, nos lares, nos centros sociais, no mundo lá fora. Por isso, era preciso preparar os leigos para tirar a Igreja de dentro das quatro paredes. Krischke adoeceu em 1970 e faleceu no ano seguinte. O Revdo. Arthur Rodolfo Kratz foi eleito como novo bispo diocesano.
Iniciava-se, junto com o episcopado de Kratz, um período de dificuldades financeiras. Muitos clérigos tiveram de buscar sustento fora da igreja, diminuindo consideravelmente o tempo a ser dedicado para suas comunidades. Ainda se não bastasse esse problema, logo que D. Kratz assumiu, houve uma infiltração carismática na diocese. O bispo chegou a apoiar o movimento, mas não queria que esse ultrapassasse os limites naturais da doutrina, da liturgia e da hierarquia da Igreja.
Todos esses limites, infelizmente, foram desrespeitados e o que se viu foram cismas em algumas paróquias, como na Redentor (Porto Alegre) e Todos os Santos (Novo Hamburgo). A infiltração pentecostal também freou ainda mais as atividades da juventude que já se ressentia dos reflexos do Regime Militar que alienara e silenciara a mocidade desde 1964.
Mesmo diante dessas dificuldades, Kratz, o primeiro bispo eleito sem autorização da Igreja Americana, foi zeloso e preocupado com o laicato. Desenvolveu o Programa de Leitores Leigos que em 1970 tinha 48 credenciados, chegou a ter 122 em 1978, caindo para 45 em 1982. Também foi por iniciativa de Kratz que foi criado, em 1977, o Seminário Diocesano, com a participação de três alunos, dois dos quais hoje são bispos da igreja: Renato Raatz, diocesano de Pelotas, e Naudal Alves Gomes, diocesano de Curitiba. Seu zelo pelo Seminário foi tamanho que, em 1984 o Sínodo o transformou em Seminário Nacional, para servir toda a Igreja.
Abertamente contrário a ordenação feminina, Kratz, que em 1972 foi eleito bispo primaz do Brasil, criou a ordem feminina Comunidade de Santa Maria. Nilde Cunha (a Irmã Maria) foi a primeira e única freira da IEAB. Colega de Renato Raatz e Naudal Alves Gomes no seminário, anos mais tarde a Irmã Maria viria a ser ordenada presbítera, pelo bispo Prado, na Diocese de Pelotas.
D. Arhur Rodolfo Kratz faleceu 1984 e foi sucedido por Claudio Vinicius de Senna Gastal que havia sido eleito em 1983 para ser bispo coadjutor. D. Gastal enfrentaria em seu episcopado as muitas dificuldades financeiras que surgiram a partir de 1983 com o término do plano decenal (Cessou a entrada de recursos estrangeiros para custear as despesas da Igreja). A emancipação financeira resultou na baixa remuneração do clero, falta de ministros e falta de recursos para a formação teológica.
Uma das realizações do bispo Gastal foi o desmembramento da Diocese Meridional, resultando na criação da Diocese Anglicana de Pelotas. A criação da nova diocese foi aprovada pelo Sínodo em 1988.
Em 1997, o então Revdo. Orlando Santos de Oliveira foi eleito bispo coadjutor da Diocese Meridional. No ano seguinte, com a aposentadoria de Gastal, D. Orlando tornou-se bispo diocesano. De 2003 até 2006, foi o primaz da Igreja Brasileira.
Hoje, a Diocese Meridional abrange a parte oriental do Rio Grande do Sul, onde estão localizadas a maioria das suas comunidades, e Sul de Santa Catarina. Segundo seu site oficial, a DM possui por volta de 13.000 membros batizados, espalhados por 16 paróquias, dez missões e cinco pontos missionários. Para atender essa demanda, D. Orlando conta com um clero composto por 20 presbíteros, sendo que um está cursando mestrado nos Estados Unidos (Revdo. Dessórdi Peres Leite) e o outro ocupa o cargo de Secretário Geral da IEAB (Revdo. Francisco de Assis da Silva). A diocese também conta com nove clérigos aposentados, cinco postulantes, quatro seminaristas, além das lideranças leigas espalhadas por todas as paróquias e missões.
Entre as prioridades diocesanas estão a formação teológica (preparar o clero e as lideranças dentro dos conceitos e práticas da Missão); desenvolver uma consciência diocesana de partilha de informações e atividades, promovendo assim uma melhor divulgação da Boa Nova de Jesus Cristo que se realiza nas comunidades; organizar uma frutífera pastoral entre os jovens, em seus diversos e diferentes níveis; desenvolver estratégia de crescimento diocesano. Um grande desafio para toda a diocese tem sido contornar as dificuldades financeiras e o grave problema gerado com a “falência” de instituições como o Colégio Cruzeiro do Sul.


8 CONCLUSÃO

Ao pesquisar e meditar sobre a Diocese Meridional, ouvindo alguns testemunhos de pessoas que presenciaram os primeiros passos da Igreja Anglicana no Brasil, e comparando alguns dados e situações, chego a conclusão que precisamos nos revestir do espírito desprendido e corajoso dos missionários e dos leigos daqueles tempos. Não foram os dólares americanos que fizeram frutificar o trabalho da IEAB. Eles, certamente, ajudaram, mas se os missionários Morris e Kinsolving, os catequistas Cabral e Brande, e outra meia-dúzia de leigos que nunca saíram do anonimato não tivessem se desdobrado e, principalmente, aceitado o compromisso de semear a Boa Nova nesta terra, os recursos financeiros de nada adiantariam.
A IEAB cresceu nos seus primeiros 50 anos, depois passou por um período de estagnação e, com as dificuldades financeiras, parece que perdemos o vigor. Nossos líderes espirituais, na busca do sustento de suas famílias, talvez tenham descuidado de “seus rebanhos” e aos poucos, nossas comunidades foram esvaziando.
Iniciativas como a do Revdo. Mário Weber, no início da década de 1960, começando o trabalho da Igreja numa comunidade como Novo Hamburgo, contando com apenas quatro ou cinco eclesianos, ou leigos transportando um harmônio no lombo de um burro, para abrilhantar uma Celebração Eucarística lá no distrito de Lagoas, no interior de São Francisco de Paula, foram rareando nas últimas décadas. E o que dizer sobre aqueles leigos que andavam 40 ou 50 quilômetros a cavalo, para buscar um reverendo num terminal de trem?
Os tempos eram outros, não podemos negar. Mas a disposição, a determinação e a entrega ao serviço da Igreja, tanto de clérigos quanto de leigos, também me parecem eram diferentes do que se percebe atualmente. Entendo que uma retomada de consciência da responsabilidade com o futuro da Diocese Meridional e de toda a IEAB seja fundamental para que tenhamos dias melhores. Assim, aqueles que nos sucederão nessa caminhada poderão, como nós, cantar a todo pulmão: “Oh! Fé que vem dos nossos pais...”  


9 REFERÊNCIAS

KICKHÖFEL, Oswaldo; Notas para uma História da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Porto Alegre: Editora Gráfica Metrópole, 1995.

KRISCHKE, George Upton; História da Igreja Episcopal Brasileira, Rio de Janeiro: Gráfica Tupy, 1949.




Terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Aprendendo a lidar com a morte
(O texto a seguir, elaborei como trabalho de aula da disciplina Teologia e Metodologia Pastoral.)

O tema morte nos leva a pensar também sobre dor, sofrimento e saudade. Mas para o cristão, este assunto vem sempre acompanhado pelo tema Ressurreição. Muitos estabelecem que a morte representa o fim de tudo. A fé cristã, entretanto, nos faz crer que quando morremos ingressamos na Vida Eterna. Essa esperança de vida após a morte faz com que o cristão encare com mais serenidade a dor, o sofrimento e a saudade. Como bem resume o Livro de Oração Comum, a liturgia pelos falecidos é uma liturgia pascal e todo o seu significado se concentra na Ressurreição. Mas, embora a morte seja assim encarada, quando perdemos um ente querido levamos algum tempo para nos acostumarmos com o fato. O próprio Jesus chorou ao tomar conhecimento da morte de seu amigo Lázaro. Quando vigiamos e oramos, a morte nos faz chorar, porém não nos surpreende nem causa desespero.

Outro dia, uma colega de trabalho estava preocupada porque seu filho, um menininho de quatro ou cinco anos, encasquetou que o mundo ia acabar e começou a fazer perguntas, querendo os pais sempre por perto. Isso me fez lembrar que os primeiros cristãos acreditavam que esse mundo em que vivemos logo acabaria: os justos iriam para o céu, junto com Cristo, e os maus para o inferno.
Diante da violência, das tragédias provocadas pela natureza, pela ação irresponsável do homem e outras intempéries que nos afligem, volta e meia, deparo-me com minha mãe, do alto de seus 81 anos de vida e de fé, dizendo: “Isso é sinal dos tempos; o fim está próximo”.
Sob a alegação de que a vida está tão atribulada e tudo corre tão rápido, talvez muitas pessoas tentem desviar seus pensamentos do tema morte. Mas não há como fugir dela. Se o menininho, filho da minha colega, tiver a mesma oportunidade que teve minha mãe e for instruído na esperança da Ressurreição, seus temores, aos poucos, se dissiparão e, mesmo sem provas concretas, ele crescerá confiando que a morte é apenas mais um obstáculo a ser vencido. É natural que tenhamos medo da morte, mas vale lembrar o que disse Jesus: “Eu sou a Ressurreição e a Vida; o que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá eternamente.” Portanto, a vida não acaba na morte.

“O Senhor é meu Pastor e nada me faltará.”
Um câncer dizimou minha avó materna, na metade da década de 1970, quando seus 12 filhos, relativamente jovens, talvez não estivessem suficientemente maduros na fé para encararem aquela primeira baixa na família.
Dona Elisa, nunca fora uma pessoa expansiva e não tenho lembrança de uma única vez em que ela tenha se manifestado na Igreja sobre a sua fé. Ela não falava de sua fé, ela a vivia. Estava sempre presente, sempre pronta a trabalhar pela congregação, porém sem salientar-se. As melhores lembranças que tínhamos dela, antes daquele período em seu leito da morte, eram as guloseimas que preparava, principalmente, na véspera do Natal e da Páscoa.
Os anos todos de exercício da fé, ao lado de meu avô, dobrando os joelhos diariamente antes da cada refeição (tivesse a mesa farta ou não), dando graças pelas suas vidas, pelos filhos, netos e bisnetos, não foram em vão. A morte encontrou Dona Elisa pronta para a Vida Eterna. E antes de partir ela repartiu com seus filhos, parentes e muitos amigos, a semente de sua fé. Ninguém precisou consolá-la. Todos que a visitaram no hospital ouviram-na recitar do Salmo 23 com confiança e convicção, deixando-nos algo ainda mais doce e saboroso que os seus sequilos. Vovó nos mostrou na prática que “viver é Cristo e morrer é lucro”.

A década de 1970 foi de perdas significativas para mim. Vó Elisa nos deixou em 1976. Em 78 e 79, respectivamente, morreram meus avós Manoel e Acácio. Antes disso, em 1973, fiquei órfão de pai.
Numa época em que a medicina ainda não dispunha da tecnologia e dos conhecimentos atuais, convivemos por anos com a enfermidade de meu pai. Eu era ainda um menino quando os médicos diagnosticaram que meu pai, homem moço, tinha sérios problemas cardíacos.
A participação efetiva na vida da Igreja nos foi muito importante diante daquela constatação. Não houve desespero na família, mas a cada crise de seu Ary, pensávamos que poderia ser a última. Passou-se quase uma década até que veio o inevitável.
Este tempo de “maturação” da morte de meu pai, embora nunca tenhamos tratado do assunto abertamente, ajudou-nos a buscar forças para aquela hora e para o período natural de saudade e dor pela separação. Assim, entendo que o sofrimento de meu pai e, conseqüentemente, de minha mãe, de meus irmãos e meu, serviu para nosso crescimento na fé e na compreensão sobre a vida e a morte.

Neste ano de 2008, estou vivendo novas experiências nesta área. Foram quatro óbitos nos últimos nove meses, na Paróquia de Todos os Santos, o que proporcionou-me um novo aprendizado. Tive de encarar a situação, não apenas como membro da congregação mas como o líder, pois nosso pároco, com problemas de saúde pessoal, nem sempre esteve presente.
Vivenciar estes momentos de dor, ouvir os lamentos dos enlutados, buscar uma palavra de consolo e conforto, orar com e pelas pessoas, além da preparação de meditações tornaram-se uma rotina. Foi algo marcante nesta minha caminhada de preparação ao Sagrado Ministério e devo ter contribuído com a congregação, mostrando, à luz do Evangelho, que nada, nem mesmo a morte, pode nos afastar do amor de Deus. A congregação e os familiares dos falecidos, por sua vez, responderam com suas atitudes, que assimilaram o ensinamento da Igreja e que trazem muito viva a esperança de ver a Glória de Deus.
A solidariedade e desprendimento de cada irmão e irmã, servindo aos familiares enlutados nos momentos de despedida, preocupando-se desde a acolhida dos amigos e parentes vindos de longe, até a participação na liturgia, sempre reconhecendo o amor de Deus por todos nós, demonstram claramente a compreensão e convicção que prevalece na congregação.

Quando falamos em morte, logo nos vem à mente o sofrimento que, como já referimos em paper anterior, não é vontade expressa de Deus. Vimos também o quanto é difícil buscar uma explicação para o sofrimento humano.
Dentre as perdas que tivemos na Paróquia de Todos os Santos neste ano de 2008, uma, particularmente, me levou à reflexão mais profunda sobre o sofrimento.
Tendo vivido quase 90 anos “no temor de Deus”, servindo de exemplo de humildade, caridade e devoção, no final do ano passado, D. Ida deparou-se com mais uma, e talvez a maior, adversidade. Sua saúde foi definhando, o seu assento nos bancos da Igreja começou a ficar vazio, rarearam as suas idas ao Salão Paroquial para auxiliar no preparo da sopa que semanalmente é servida para uma comunidade carente do bairro. Logo, não se viu mais na rua aquela figura simpática e querida por todos. Com a chegada do inverno, o quadro clínico se agravou e D. Ida passou meses sofrendo sobre uma cama, até a morte.
Inevitável questionamento nos vem à mente diante de situações semelhantes a dessa nossa irmã na fé. Porque tanto sofrimento para uma pessoa tão boa?
Não me encorajo a atribuir tal circunstância à vontade de Deus, mas entendo que situações como essa nos conduzem à busca de uma comunhão mais íntima com o Criador. Mais ainda quando a pessoas que está sofrendo, como foi o caso de D. Ida, manifesta de forma tão evidente a sua gratidão a esse mesmo Deus. Logo, só encontro uma resposta plausível: As pessoas que conviveram com o sofrimento de D. Ida tiveram oportunidade de sentir a presença de Deus e se sentiram chamadas para uma vivência mais santa, tendo como exemplo a própria D. Ida.

“Eu sei que o meu Redentor vive e que, ao final, se levantará sobre a terra. Depois Ele me ressuscitará e eu verei a Deus. Sim, eu mesmo O verei, os meus próprios olhos contemplarão a um amigo e não a um estranho”. (Jó 19: 25-27)
A fé cristã está alicerçada na Vida, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, portanto, são oportunas as palavras de Jó que mesmo tendo sido homem justo, sofreu intensamente. É importante que ensinemos às nossas congregações que Deus não se alegra e não quer o sofrimento humano e que o sofrimento não está relacionando ao pecado. Quem sofre não sofre porque pecou. Por outro lado, entendo que quando sofremos abrimos caminho para uma relação mais profunda com Deus. Não se trata de uma experiência masoquista. O que ocorre é que quando tudo vai bem em nossas vidas, podemos incorrer no erro de nos considerarmos auto-suficientes e nos afastarmos de Deus. Aliás, como bem exemplifica o teólogo Martin Dreyer, quando vivemos a experiência da cruz e seguimos o exemplo de Cristo, temos compaixão pelos que sofrem e sofremos com eles. Assim vivendo, não veremos a morte como algo terrível e como o fim. Aprendendo a conviver com a morte, à luz do Evangelho, percebemos que ela nos abre as portas para a Vida Eterna na presença de Deus.




Domingo, 6 de janeiro de 2008
Pequenos acontecimentos
Um dia, Deus soprou sobre partículas de pó e percebeu que, juntando um pouco mais de poeira, poderia construir algo grande e importante. Foi então que criou essa terra, responsável pelo nosso sustento e "pano de fundo" para todas as nossas realizações. Todos os pequenos detalhes foram importantes para que se formasse o ambiente apropriado para a vida humana. Não fosse pela nossa interferência de maneira inadequada, tudo no universo funcionaria de um jeito mais harmonioso.
Assim, se a vida é feita de pequenas coisas, por que procuramos tanto por algo grandioso para nos alegrarmos e nos sentirmos felizes. Se juntarmos, ou contabilizarmos todas as coisas boas de um dia, de uma semana, de um mês, certamente, ao término de cada ano, teremos muito a agradecer e veremos o quanto de bom foi acrescido a nossa existência. Muitos guardam somente as coisas ruins e, ano-após-ano lamentam a falta de sorte, o abandono de Deus.
Hoje mesmo, quanta coisa boa aconteceu comigo. Eu poderia enumerá-las aqui, todas pequenas, algumas nem valeria citar. Mas encerro o meu dia mais feliz e mais rico do que amanheci. Só tenho a agradecer por tudo isso.