sexta-feira, 25 de junho de 2010

O reencontro com Portugal

Longe, muito longe da tecnologia que desfrutamos hoje, em 1966 nem todos tiveram o privilégio de acompanhar as transmissões dos jogos da Copa da Inglaterra via rádio. Eu era um menino de dez anos e já acompanhava o futebol, pelos jornais e pelos comentários dos adultos. Os tempos eram outros, criança não se metia na conversa de gente grande, assim, as informações nem sempre chegavam “inteiras” até nós.

Antes da competição começar, a expectativa era ver o Brasil tricampeão. Veio a estréia brasileira com vitória por 2 a 0 sobre a Bulgária. No dia seguinte, a preocupação era com a lesão de Pelé. Mas, com minha família, recém mudada de Sapucaia para Novo Hamburgo, eu tinha a esperança de ver o Alcindo ocupando o posto do Rei para levar nossa seleção à segunda vitória. Não foi o que se ouviu na transmissão. Pior que o som do rádio foi o resultado do segundo jogo: Hungria 2 a 0.

Contra Portugal, dia 19 de julho de 1966 haveria de ser diferente, assim imaginávamos. Pelé voltaria ao time e (Não sei se naquela época Deus já era brasileiro.) haveríamos de vencer e avançar rumo ao tri. O que vimos, ou melhor, ouvimos, foi a violência dos adversários, novamente, contra nosso negrinho. E quem brilhou foi Eusébio (nome que eu nunca esqueci) e para a desolação da torcida brasileira, a Copa do Mundo terminava ali, diante de Portugal. Perdemos o jogo por 3 a 1 e fomos desclassificados prematuramente.

Hoje, passados 44 anos, Brasil e Portugal voltam a se enfrentar na última rodada da primeira fase de uma Copa do Mundo. Felizmente a situação é diferente, a transmissão é excelente (Ainda que pesem alguns narradores dos quais não se possa dizer o mesmo.), não precisamos vencer para seguir em frente e o tri já ficou para trás há anos. Não encaro o jogo de hoje como revanche. Acho que será, apenas, um bom teste para os comandados de Dunga. Aliás, se em 66 eu torcia pelo Alcindo, que era gremista e atormentava nos Gre-Nais, imagina o quanto torço pelo Dunga, coloradaço, gaúcho, que não teme nem mesmo o império do jornalismo brasileiro.

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