segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Abaixo o fanatismo

Publicado no jornal O Diário da Encosta da Serra

Gostar de futebol é uma coisa, ser fanático é outra. Sou terminantemente contra o fanatismo, em qualquer circunstância. Dou um bom (mau) exemplo de gente que tem dificuldades para separar as coisas: Quando o Grêmio ganha e o Inter perde, um colega aqui do Diário me espera na porta do jornal para aquela gozação, o que eu recebo com a maior tranquilidade. Quando acontece o inverso, como no final de semana, o cara corta voltas para não chegar perto de mim.

É campeão
Da última quarta-feira até às 18h15 de sábado (mais ou menos), tinha gremista encomendando faixas de campeão e imaginando como seria a festa tricolor, no dia 4 de dezembro, em pleno Beira-Rio. Depois de vencer o Santos, o Grêmio acumularia vitórias e, no Gre-Nal marcado para a última rodada, levantaria o caneco. A volta à realidade veio no início da noite de sábado, quando o Roth conseguiu mandar a campo o seu time ideal, com meia dúzia de volantes. Não adianta se iludir com uma ou duas boas atuações.

Campeão de tudo
Da mesma forma, me preocupa ver alguns colorados estufando o peito neste início de semana por que atropelamos o Vasco. Futebol não se avalia por um resultado isolado. A regularidade é fundamental para que se chegue aos objetivos. Nem Grêmio, nem Inter, nem ninguém, neste Brasileirão, tem mostrado regularidade. Por isso, continuo afirmando que não dá para dizer que esse ao aquele será campeão.

Coerência é preciso

Lembram quando todo mundo criticava o Alecsandro e se dizia que ele não poderia ser titular do Inter? Pois é! Agora vamos nos encher de razão por que não levamos gols do Vasco, que veio a Porto Alegre com o mesmo Alecsandro no comando do ataque? Coerência é preciso!

O mesmo mal
Entendo que nós, aqui no Sul, gremistas e colorados, estamos enfrentando problemas semelhantes com nossos times. Falta comando, dentro e fora de campo e isso se reflete nessa irregularidade que temos visto. As dificuldades não estão no calendário da competição, nem nas arbitragens ou na fórmula da competição. Elas aparecem pela falta de coerência e pela falta de convicção de nossos técnicos e dirigentes.

Meio a zero
Da última vez que ocupei este espaço, ao prestar uma homenagem ao Escurinho, usei a expressão “meio a zero” e prometi que voltaria ao assunto. Pois quando pensei na falta de regularidade de nossos times, lembrei-me novamente disso. Um time que tem regularidade não perde qualquer jogo; ganha, pelo menos de “meio a zero”. E lembro de um jogo encardido, lá no fim da década de 1960, início dos anos 70. O compromisso era na fronteira, não me recordo se em Bagé ou Santana do Livramento. O time atacava por todos os lados, a defesa tirava até pensamento. Tínhamos um lateral chamado Edson Madureira. Já estava escurecendo, no final da tarde de domingo, o Madureira foi cruzar uma bola, pegou mal no pé e ela foi na direção do gol e ficou presa entre a trave e a rede. No luz-que-fusque, o lateral colorado correu para o centro do campo vibrando. O bandeirinha também correu na mesma direção e ao árbitro só restou validar o gol. E a bola estava lá, presa na rede. Enquanto os atletas adversários cercavam a arbitragem, um gandula sacudiu a rede e ... a bola caiu atrás da goleira, o que indicava que não entrara e, consequentemente, não foi gol. Pra encurtar o caso: o Inter venceu de meio a zero.

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