Como a maioria esmagadora dos brasileiros, sou apaixonado
por futebol e esta é a 13ª Copa do Mundo que acompanho. De 1966, quando
fracassamos na Inglaterra, até aqui, muita coisa mudou em termos de tecnologia.
Houve avanços incríveis. Passamos do rádio valvulado às transmissões por cabos
de fibra óptica, que nos oferece uma imagem perfeita. Lembro que 48 anos atrás,
tudo era tão distante. Hoje é tudo tão próximo, tenho até amigos que estarão lá
dentro dos estádios, trabalhando. Quanta coisa mudou!
O que infelizmente parece não ter mudado é o oba oba, alimentado
por muitos setores da grande Imprensa. Em 66, o Brasil seria Tri na terra da
Rainha, pois já havíamos vencido duas copas seguidas e tínhamos o Pelé. Os mais
antigos lembram o que aconteceu: apagaram o nosso craque e não tivemos forças
para dar a volta por cima. Foi a segunda pior campanha que tivemos na história
das copas.
Vejo hoje uma situação muito semelhante, ou talvez mais
preocupante do que a de 1966, embora a Copa do Mundo ocorra em solo brasileiro.
Só o que se ouve falar é que a nossa seleção é Neymar e mais dez. Até nas
entrevistas do técnico Felipão ele tem direito a se meter e dar palpites. E me
assusta, também, que dentro de campo ele, o Neymar, pensa que pode resolver
tudo sozinho. Quem assistiu o último amistoso do Brasil sem a paixão cega de
muitos, deve ter visto o jogo da mesma forma que eu vi. O cara buscava a bola
lá na intermediária brasileira e levava, sem olhar para os companheiros, até
perder. Nos salvamos de um empate por um lance isolado, sem a participação do
próprio Neymar.
Tomara que eu esteja errado e que o Brasil apresente um
futebol competitivo e coletivo. Afinal, todos nós, 200 milhões de brasileiros,
somos apaixonados por futebol e queremos levantar a taça mais uma vez. As
broncas com os mandos e desmandos, com os desvios de recursos e tantas outras
mazelas que foram apontadas nesses anos todos de preparação (ou seria
despreparação?) para o evento, ficam para depois. Agora é hora de torcer pelo
Hexa.
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