Sempre me policio e tento me conter dainte de muitas situações de dor e tristeza. Quando soube, na manhã deste sábado, do acidente que tirou a vida do Fernandão, fui tomado de enorme emoção e profunda tristeza. Um grande sentimento de perda, como se tivesse perdido um parente querido. Lembrei-me de tantos parentes e amigos queridos que já se foram.
Não demorou para eu traçar um paralelo entre a morte do Fernandão e a perda do meu primo Altemar (Cabo Lima - estupidamente morto por um assaltante, anos atrás.) A perda do Altemar, bem me lembro, me tirou o chão, era uma referência desde a minha tenra idade. Eu e muitos outros garotos da minha idade aprendemos a jogar goleirinha encarando os chutões do Lima. Aprendemos também muito sobre a vida e o respeito pelos nossos semelhantes com ele. Para dar uma ideia de quem era meu primo Altemar: ele era contemporâneo do Alcindo, centroavante do Grêmio que chegou até a Seleção Brasileira e foi para a Copa da Inglaterra em 1966. Alcindo e Altemar começaram jogando juntos em Sapucaia do Sul. Quando o Grêmio levou o Alcindo, dirigentes do Inter tentaram levar meu primo para os Eucaliptos, mas quis o destino que ele não enveredasse para o futebol profissional. Assim, Altemar sempre esteve bem próximo da primaiada (e éramos uma família enorme).
O Altemar era primo, o Fernandao não, mas porque essa tristeza pela sua morte? Foi apenas mais um jovem (36 anos para morrer é muito jovem). Não, não foi apenas mais um jovem. Fernando Lúcio da Costa teve um papel de parente, primo, irmão (como o Altemar), com quem eu e metade do Rio Grande dividimos alegrias, tristezas, emoções durante anos. Foi com ele que cantamos "Vamo, vamo Inter!" e levantamos o caneco do Mundial. E se não bastasse a vibração, determinação e liderança dentro do campo, Fernandão (como meu primo Altemar) tornou-se uma referência para mim e para muitos. Só me resta o consolo e a certeza, neste momento de dor, de que neste momento o recém chegado Fernandão está trocando passes com o Cabo Lima no time do Céu.
Em tempo: A foto que ilustra esse comentário mostra Fernandão com meu querido amigo Ricardo Diefenbach (o Mano), que tinha no nosso sempre Capitão, uma referência, também.
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