Nossa amada IEAB – Igreja Episcopal Anglicana do Brasil comemora neste 1º de junho os seus 124 anos. Para lembrar a data, publico aqui trabalho que fiz para a disciplina de Teologia e Metodologia Pastoral, no Seminário Teológico Dom Egmont Machado Krischke - SETEK, em 2008.
Conhecendo Minha Diocese
Diocese Meridional
Fernando da Silva Santos
Prof. Revdo. Hermes Daniel Rodriguez
Seminário Teológico Dom Egmont Machado Krischke –
SETEK
Teologia e Metodologia Pastoral
25/06/2008
RESUMO
Para
conhecer a história da Diocese Meridional da Igreja Episcopal Anglicana do
Brasil, é necessário conhecer a própria IEAB. E para entender a sua realidade,
igualmente, é preciso conhecimento sobre sua trajetória nestes 109 anos de
atuação em solo brasileiro. Os primeiros anos foram de grande expansão, mas a
partir da década de 1950, quando ocorreu a divisão do Distrito Missionário em
dioceses, as dificuldades começaram a surgir e se agravaram na década de 1980,
com a emancipação financeira. Nesse cenário, a Diocese Meridional sobreviveu, manteve-se
fiel ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, como ensinaram os missionários
Morris e Kinsolving, mas seu crescimento cessou. Hoje, a Diocese Meridional
busca alternativas para enfrentar os novos desafios.
Palavras-chave:
Desprendimento; Coragem; Confiança.
1
INTRODUÇÃO
A origem
da Diocese Meridional confunde-se com o surgimento da Igreja Episcopal no
Brasil. Embora a diocese somente tenha sido criada em 1950, quando houve uma
divisão territorial da Igreja Brasileira, a sua história começa com a chegada
dos missionários James Watson Morris e Lucien Lee Kinsolving, em 1889, ano da
proclamação da República. Antes disso, em 1853, durante o Império, a Igreja
Americana mandara ao Brasil o missionário Willian Cooper, mas este não logrou
êxito em sua investida.
No final
do século XIX, as igrejas Presbiteriana e Metodista já atuavam no centro do
País. Os batistas também tentavam atuar no Rio de Janeiro e na Bahia, lembrando
sempre que a Igreja Católica Romana era a “religião” oficial. Por esse motivo,
Morris e Kinsolving se estabeleceram em Porto Alegre, em 1890. Em 1891vieram os
missionários William Cabell Brown e John Gaw Meem. Este último tinha interesse
especial pelo País, pois seu pai havia trabalhado como engenheiro na Estrada de
Ferro Central do Brasil.
2 PRIMEIROS PASSOS
O
missionário Henry Martyn foi o primeiro anglicano a pisar no Brasil. Em 1805,
ele estava viajando para a Índia e permaneceu por 15 dias na Bahia.Outro
anglicano que esteve no Brasil, antes da vinda de Morris e Kinsolving, foi
Richard Holde, que viveu no Pará entre os anos de 1860 e 1872.
O
anglicanismo floresceu, aqui, graças à dedicação e trabalho incansável dos
missionários. Mas também precisam ser lembrados os catequistas, leigos
preparados pelos reverendos, que, igualmente, dedicaram suas vidas pela causa
de Cristo. O primeiro catequista foi Vicente Brande.
A seara,
como hoje, era grande e os trabalhadores eram poucos. Mesmo assim, superando a
falta de pessoal e as distâncias, em setembro de 1891 já havia trabalho da
Igreja Episcopal em Porto Alegre, Santa Rita e Rio Grande. Enquanto Morris e
Kinsolving se desdobravam para organizar e ampliar a missão brasileira, os
catequistas Boaventura Oliveira (em Santa Rita), Américo Vespúcio Cabral (Porto
Alegre) e Vicente Brande (em Rio Grande) cuidavam da manutenção das crescentes
comunidades recém criadas.
3 EXPANSÃO
Com base
na história dos primeiros passos da Igreja Anglicana no Brasil, percebe-se que
as atividades da Diocese Meridional, ou o que viria a ser a DM meio século
depois, iniciaram com as comunidades de Porto Alegre, Santa Rita e Rio Grande.
Os
anglicanos no Brasil, nunca fizeram proselitismo, porém a sua história está
repleta de padres, pastores e até congregações inteiras que deixaram suas
denominações de origem para seguir o modelo e a doutrina da Igreja Episcopal. A
congregação de Rio Grande foi o primeiro exemplo disso. Uma comunidade fundada
pelo missionário presbiteriano Emanuel Van Orden que, em 1891, transferiu-se
para o anglicanismo. O Revdo. Morris foi o seu primeiro pároco.
Homens de
fé profunda e consciência da obra que haveriam de realizar no solo brasileiro e
também com grande percepção das necessidades do povo, os missionários logo
viram que Pelotas (hoje sede de uma diocese), a cidade mais importante do
Estado, depois de Porto Alegre, era solo fértil para lançar as sementes do
anglicanismo. Assim, em 1892, foram enviados para lá o Revdo. Meem e o
catequista Antônio Fraga. A missão começou numa sala de José Fernando Duval,
pai do futuro Revdo. Nataniel Duval da Silva.
Em 1907,
a Missão Episcopal no Brasil foi elevada à condição de Distrito Missionário.
4 VISITA EPISCOPAL
O
primeiro bispo a visitar o Brasil foi Gerge W. Peterkin, que desembarcou em Rio
Grande em 23 de agosto de 1893. Ele conheceu o trabalho de todas as
congregações: Rio Grande, Porto Alegre, Santa Rita, Pelotas e São José do
Norte. Nessa época, mais de 100 pessoas eram membros da Igreja Episcopal
Brasileira e o bispo Peterkin ordenou os primeiros ministros locais.
Brande
foi ordenado diácono, em 28 de agosto de 1893, na Capela do Salvador, em Rio
Grande, diante de uma congregação de 300 pessoas. Em 1º de setembro do mesmo
ano foi ordenado Antônio Machado Fraga. E ainda em setembro de 1893, foram
examinados e também ordenados diáconos os candidatos Américo Vespúcio Cabral e
Boaventura de Souza.
Peterkin
defendia uma igreja nacional independente e percebia a necessidade de
construção de igrejas, pois os prédios alugados eram caros e logo se tornavam
pequenos. Da sua visita ao Brasil resultou a ordenação de quatro diáconos; 142
pessoas confirmadas; três centros irradiadores de missão (Porto Alegre, Pelotas
e Rio Grande); tradução do Livro de Oração Comum (LOC) e de literatura cristã;
nomeação de uma comissão permanente e missionária; e adoção de uma declaração
de princípios.
Porto
Alegre tinha, na época, 60 mil habitantes e intensa atividade Católica Romana.
Pelotas contava com uma população de 30 mil e Rio Grande 15 mil habitantes.
Vale ressaltar que naquela época, uma viagem de Porto Alegre a Viamão, de
carroagem, levava cerca de três horas.
Em 1897,
o bispo inglês Waite H. Stirling, que residia em Buenos Aires, veio ao Brasil.
Em 13 de maio daquele ano, os revdos. Brande, Fraga e Cabral foram ordenados ao
presbiterado. Boaventura, por problemas de comportamento, foi afastado das
atividades clericais e partiu com sua família para Minas Gerais.
A visita
de Stirling foi de apenas 14 dias (de 6 a 20 de maio), pois ele seguia para a
4ª Conferência de Lamberth, marcada para julho de 1897. Em função da visita do
bispo, a Igreja Brasileira foi, pela primeira vez, mencionada na Conferência.
5 CONVOCAÇÕES
O
primeiro concílio, que era chamado de Convocação, ocorreu em Porto Alegre, no
ano de 1892. A reunião não teve caráter oficial. Canonicamente, portanto, a 1ª
Convocação aconteceu em Rio Grande, de 3 a 8 de março de 1894. Ainda sem a
presença de leigos, o clero (Morris, Kinsolving, Meem, Cabral, Boaventura,
Fraga e Brande), entre outros assuntos, discutiu o trabalho animador, iniciado
pelo Revdo. Cabral, em São Leopoldo, cujos cultos eram realizados na Igreja
Protestante.
De 22 a
27 de abril de 1895, na Capela da Trindade, em Porto Alegre, aconteceu a 2ª
Convocação, desta vez com a presença de leigos. Neste concílio foi discutida e
aprovada a primeira constituição e os primeiros cânones da Igreja Protestante
Episcopal no Sul dos Estados Unidos do Brasil. Tratou-se também da necessidade
de sagração de um bispo.
A Capela
do Redentor, em Pelotas, de 15 a 18 de janeiro de 1896, reuniu a 3ª Convocação,
presidida pelo Revdo. Brown. Estavam presentes os quatro presbíteros, os três
diáconos e representantes leigos. Eles trataram sobre a instrução e preparação
dos diáconos, a necessidade de nova visita episcopal e os limites paroquiais,
pois os metodistas queriam que os episcopais só atuassem no sul do Estado.
O pedido
de eleição de um bispo foi negado pela Igreja Americana, o que só foi possível
dois anos mais tarde, em 1898, em uma convocação extraordinária. Também em
convocação extraordinária, foi aprovado o LOC que Brown traduziu e adaptou
durante dois anos. Essa primeira versão do LOC brasileiro foi usada até 1930.
A
preocupação com a formação do ministério era latente desde o começo da Igreja
Brasileira. Na 4ª Convocação, em 1897, quando passamos a ter a denominação de
Igreja Protestante Episcopal dos Estados Unidos do Brasil, discutiu-se a
necessidade da criação de um seminário teológico. No ano seguinte, na 5ª
Convocação, foi criado oficialmente o Seminário Teológico que entrou em
funcionamento em 1903, em Rio Grande.
6 PRIMEIRO BISPO
Uma
convocação extraordinária foi realizada nos dias 30 e 31 de maio e 1º de junho
de 1898, na Capela do Bom Pastor, em Porto Alegre, elegendo o missionário
Lucien Lee Kinsolving o primeiro bispo.
Sob o
episcopado de Kinsolving, o trabalho prosperava e, no ano de 1907, a Igreja
Brasileira foi reconhecida como Distrito Missionário. Já tínhamos aqui, 13
clérigos, 1.366 membros comungantes, 1.046 alunos na Escola Dominical e
congregações em Porto Alegre, Rio Grande, Pelotas, Viamão, Santa Rita, São José
do Norte, Santa Maria, Bagé, Jaguarão, São Gabriel, São Leopoldo, Florida
(Cangussú) e Santa Helena (Pelotas).
Em
Montenegro, o trabalho iniciou em 1909, com o Revdo. Antônio Machado Fraga. No
ano seguinte, era construída a Igreja em São Leopoldo. No distrito de Casinhas,
interior de São Francisco de Paula, também foi construído um templo, em 1927.
No
primeiro quarto de século do anglicanismo no Brasil, o trabalho prosperou
muito, conforme o quadro abaixo:
Ano
|
1898
|
1925
|
Bispos
|
-
|
2
|
Clérigos
|
7
|
28
|
Membros
comungantes
|
443
|
2.762
|
Membros
batizados
|
50
|
13.535
|
Membros
confirmados
|
448
|
4.997
|
Alunos
da Escola Dominical
|
378
|
2.537
|
Escolas
Dominicais
|
7
|
46
|
Escolas
Diárias
|
1
|
5
|
Professores
da Escola Dominical
|
27
|
200
|
Templos
e capelas
|
9
|
25
|
7 DIOCESE MERIDIONAL
Em 1950,
o Distrito Missionário foi dividido em três dioceses: Meridional, Sul Ocidental
e Central. Seus primeiros bispos foram, respectivamente, Athalício Theodoro
Pithan, Egmont Machado Krischke e Louis Chester Melcher.
Por ter
sido o Sul do Brasil o ponto de início dos trabalhos da Igreja Brasileira,
coube à Diocese Meridional, a área mais desenvolvida, na época, do Distrito
Missionário.
Ao
assumir a diocese, em 1950, o bispo Pithan nomeou o Revdo. Orlando Batista como
secretário do bispado e instituiu a Paróquia da Trindade, em Porto Alegre, como
sede da autoridade eclesial. O Revdo. Jessé Krebs Appel foi escolhido como
Deão.
Pithan
dividiu a diocese, nomeando George Upton Krischke arcediago de Porto Alegre;
Mário Bohrer Weber arcediago do Nordeste, que abrangia São Leopoldo, Novo
Hamburgo, Caxias do Sul e Montenegro; Nataniel Duval da Silva arcediago da Zona
Sul (Rio Grande, Pelotas, Cangussú e Santa Helena); e Nadir Simões Mattos
arcediago missionário, que atenderia São Francisco de Paula, Gravataí e Santo
Antônio da Patrulha.
A área
geográfica da diocese era grande, mas isso não era problema para o clero que,
aliás, buscava sempre novas fronteiras. Foi assim que, no início da década de
50, o Revdo. Henrique Todt Jr. visitou uma comunidade evangélica de Araranguá,
no Sul de Santa Catarina. Em 1952, o Revdo. Arthur Rodolfo Kratz era
transferido para lá a fim de dar andamento ao trabalho.
Em Santo
Antônio da Patrulha, onde Américo Vespúcio havia pregado muitas vezes e já
existiam várias missões, o Revdo. Nadir iniciou os cultos regulares. Também na
década de 1950, o veterano catequista Oliveiros Marcelino Teixeira, que havia
trabalhado muitos anos em Casinhas, transferiu-se para Caxias do Sul. Sob
orientação do Revdo. Mário Webber, iniciava-se o trabalho da Paróquia da Virgem
Maria. E, no fim daquela mesma década, o Revdo. Weber também liderou os
trabalhos que deram início às atividades em Novo Hamburgo.
O bispo
Pithan aposentou-se em 1956, sendo sucedido por D. Egmont Machado Krischke que
transferiu-se de Santa Maria para Porto Alegre. Em 1965, a Igreja Brasileira
transformou-se na 19ª Província da Comunhão Anglicana e Krischke foi eleito o
seu primeiro bispo primaz.
Krischke
foi um grande incentivador do ministério leigo e dizia que as verdadeiras
batalhas da fé não se davam no interior do templo, nos concílios ou nas
assembléias paroquiais, mas nos escritórios, nas fábricas, nos lares, nos
centros sociais, no mundo lá fora. Por isso, era preciso preparar os leigos
para tirar a Igreja de dentro das quatro paredes. Krischke adoeceu em 1970 e faleceu
no ano seguinte. O Revdo. Arthur Rodolfo Kratz foi eleito como novo bispo
diocesano.
Iniciava-se,
junto com o episcopado de Kratz, um período de dificuldades financeiras. Muitos
clérigos tiveram de buscar sustento fora da igreja, diminuindo consideravelmente
o tempo a ser dedicado para suas comunidades. Ainda se não bastasse esse
problema, logo que D. Kratz assumiu, houve uma infiltração carismática na
diocese. O bispo chegou a apoiar o movimento, mas não queria que esse
ultrapassasse os limites naturais da doutrina, da liturgia e da hierarquia da
Igreja.
Todos
esses limites, infelizmente, foram desrespeitados e o que se viu foram cismas
em algumas paróquias, como na Redentor (Porto Alegre) e Todos os Santos (Novo
Hamburgo). A infiltração pentecostal também freou ainda mais as atividades da
juventude que já se ressentia dos reflexos do Regime Militar que alienara e
silenciara a mocidade desde 1964.
Mesmo
diante dessas dificuldades, Kratz, o primeiro bispo eleito sem autorização da
Igreja Americana, foi zeloso e preocupado com o laicato. Desenvolveu o Programa
de Leitores Leigos que em 1970 tinha 48 credenciados, chegou a ter 122 em 1978,
caindo para 45 em 1982. Também foi por iniciativa de Kratz que foi criado, em
1977, o Seminário Diocesano, com a participação de três alunos, dois dos quais
hoje são bispos da igreja: Renato Raatz, diocesano de Pelotas, e Naudal Alves
Gomes, diocesano de Curitiba. Seu zelo pelo Seminário foi tamanho que, em 1984
o Sínodo o transformou em Seminário Nacional, para servir toda a Igreja.
Abertamente
contrário a ordenação feminina, Kratz, que em 1972 foi eleito bispo primaz do
Brasil, criou a ordem feminina Comunidade de Santa Maria. Nilde Cunha (a Irmã
Maria) foi a primeira e única freira da IEAB. Colega de Renato Raatz e Naudal
Alves Gomes no seminário, anos mais tarde a Irmã Maria viria a ser ordenada
presbítera, pelo bispo Prado, na Diocese de Pelotas.
D. Arhur
Rodolfo Kratz faleceu 1984 e foi sucedido por Claudio Vinicius de Senna Gastal
que havia sido eleito em 1983 para ser bispo coadjutor. D. Gastal enfrentaria
em seu episcopado as muitas dificuldades financeiras que surgiram a partir de
1983 com o término do plano decenal (Cessou a entrada de recursos estrangeiros
para custear as despesas da Igreja). A emancipação financeira resultou na baixa
remuneração do clero, falta de ministros e falta de recursos para a formação
teológica.
Uma das
realizações do bispo Gastal foi o desmembramento da Diocese Meridional,
resultando na criação da Diocese Anglicana de Pelotas. A criação da nova
diocese foi aprovada pelo Sínodo em 1988.
Em 1997,
o então Revdo. Orlando Santos de Oliveira foi eleito bispo coadjutor da Diocese
Meridional. No ano seguinte, com a aposentadoria de Gastal, D. Orlando
tornou-se bispo diocesano. De 2003 até 2006, foi o primaz da Igreja Brasileira.
Hoje, a
Diocese Meridional abrange a parte oriental do Rio Grande do Sul, onde estão
localizadas a maioria das suas comunidades, e Sul de Santa Catarina. Segundo
seu site oficial, a DM possui por volta de 13.000 membros batizados, espalhados
por 16 paróquias, dez missões e cinco pontos missionários. Para atender essa
demanda, D. Orlando conta com um clero composto por 20 presbíteros, sendo que
um está cursando mestrado nos Estados Unidos (Revdo. Dessórdi Peres Leite) e o
outro ocupa o cargo de Secretário Geral da IEAB (Revdo. Francisco de Assis da
Silva). A diocese também conta com nove clérigos aposentados, cinco
postulantes, quatro seminaristas, além das lideranças leigas espalhadas por
todas as paróquias e missões.
Entre as
prioridades diocesanas estão a formação teológica (preparar o clero e as
lideranças dentro dos conceitos e práticas da Missão); desenvolver uma
consciência diocesana de partilha de informações e atividades, promovendo assim
uma melhor divulgação da Boa Nova de Jesus Cristo que se realiza nas
comunidades; organizar uma frutífera pastoral entre os jovens, em seus diversos
e diferentes níveis; desenvolver estratégia de crescimento diocesano. Um grande
desafio para toda a diocese tem sido contornar as dificuldades financeiras e o
grave problema gerado com a “falência” de instituições como o Colégio Cruzeiro
do Sul.
8
CONCLUSÃO
Ao
pesquisar e meditar sobre a Diocese Meridional, ouvindo alguns testemunhos de
pessoas que presenciaram os primeiros passos da Igreja Anglicana no Brasil, e
comparando alguns dados e situações, chego a conclusão que precisamos nos
revestir do espírito desprendido e corajoso dos missionários e dos leigos
daqueles tempos. Não foram os dólares americanos que fizeram frutificar o
trabalho da IEAB. Eles, certamente, ajudaram, mas se os missionários Morris e
Kinsolving, os catequistas Cabral e Brande, e outra meia-dúzia de leigos que
nunca saíram do anonimato não tivessem se desdobrado e, principalmente,
aceitado o compromisso de semear a Boa Nova nesta terra, os recursos
financeiros de nada adiantariam.
A IEAB
cresceu nos seus primeiros 50 anos, depois passou por um período de estagnação
e, com as dificuldades financeiras, parece que perdemos o vigor. Nossos líderes
espirituais, na busca do sustento de suas famílias, talvez tenham descuidado de
“seus rebanhos” e aos poucos, nossas comunidades foram esvaziando.
Iniciativas
como a do Revdo. Mário Weber, no início da década de 1960, começando o trabalho
da Igreja numa comunidade como Novo Hamburgo, contando com apenas quatro ou
cinco eclesianos, ou leigos transportando um harmônio no lombo de um burro,
para abrilhantar uma Celebração Eucarística lá no distrito de Lagoas, no
interior de São Francisco de Paula, foram rareando nas últimas décadas. E o que
dizer sobre aqueles leigos que andavam 40 ou 50 quilômetros a cavalo, para
buscar um reverendo num terminal de trem?
Os tempos
eram outros, não podemos negar. Mas a disposição, a determinação e a entrega ao
serviço da Igreja, tanto de clérigos quanto de leigos, também me parecem eram
diferentes do que se percebe atualmente. Entendo que uma retomada de
consciência da responsabilidade com o futuro da Diocese Meridional e de toda a
IEAB seja fundamental para que tenhamos dias melhores. Assim, aqueles que nos
sucederão nessa caminhada poderão, como nós, cantar a todo pulmão: “Oh! Fé que
vem dos nossos pais...”
9
REFERÊNCIAS
KICKHÖFEL,
Oswaldo; Notas para uma História da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Porto
Alegre: Editora Gráfica Metrópole, 1995.
KRISCHKE,
George Upton; História da Igreja Episcopal Brasileira, Rio de Janeiro: Gráfica
Tupy, 1949.
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