Lá no início da década de 1980, o humorista Jô Soares tinha
um quadro em seu programa semanal onde cobrava do então técnico da Seleção
Brasileira, Telê Santana, a falta de ponteiros na sua equipe. E o comandante
brasileiro tinha bons motivos para povoar seu meio de campo, pois contava com
craques como Toninho Cerezo, Paulo Roberto Falcão, Sócrates, Zico e Batista.
Todos eram craques, inclusive o Batista, único reserva dentre os citados. E o “Gordo”
não poupava, pedindo: “Bota ponta, Telê!”.
Hoje, na linguagem do futebol não se usa mais o termo
ponteiro, porém dentro de campo a situação é a mesma. Você pode ter onze
craques, mas não dá para jogar sem atacantes. E o que dizer se você tem apenas
jogadores “normais” e teima em jogar com o setor defensivo povoado demais. É o
que eu tenho visto acontecer com o Inter. E não me iludo: jogando com dois
veteranos na zaga e mais três volantes, podemos até não perder, mas não ganhamos
de ninguém. Um time que depende das chegadas do Elton e do Guiñazu para criar
jogadas de ataque não pode dar certo. E não estou dizendo que eles não servem
para o time do Inter. Digo que não dá para escalar os dois e mais o Ygor, que
também é volante. Futebol se faz com aplicação, união do grupo e explosão
(leia-se criatividade, arrogância, objetividade). O Inter do Fernandão tem
mostrado aplicação, tem mostrado união, mas continua sem criatividade, como nos
tempos do Dorival. Perdemos apenas dois jogos no Brasileirão e temos tudo para
encerrar o primeiro turno assim, mas é preciso mais que três empates (contra
Corinthians, Portuguesa e Grêmio) para entrar no G4 ainda no primeiro turno.
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