(Artigo produzido para a Paixão Colorada, do Jornal O Diário da Encosta da Serra)
Depois
daquele apagão da última quarta-feira, na Azenha, eu já buscava inspiração no
Gabriel Garcia Marques e no Khalil Gibran, pois ocuparia este espaço, do
primeiro ao último caractere, para zoar os arquirrivais. E se isso não
bastasse, estava convicto de que, com a volta dos craques de seleção (Oscar.
Damião e Guiçnazu), mais o D’Ale, trituraríamos o Botafogo (... morrendo de
pena do Andrezinho, tão querido de todos nós colorados.). Não precisaria nem mencionar o que aconteceu
sábado à noite, quem acompanha futebol sabe: o Botafogo cumpriu a determinação
do MP e interditou o Beira-Rio.
Antes de
cair na real, como a esmagadora maioria colorada, outra vez, me iludi quando o
Oscar teve um lampejo canarinho e largou aquela bola com açúcar na cabeça do
Damião, ele tentou afastar, (pensando estar socorrendo a zaga colorada), mas o
Dagoberto aproveitou o rebote e abriu o placar, pensei: que ingrato que eu sou.
O Botafogo continuou, sob o comando do Andrezinho, tentando patrolar o
Beira-Rio, mas esperávamos que no intervalo o Dorival arrumasse a casa. Com
vantagem no escore, o que fez nosso treinador?
Xingado
pela corajosa torcida que enfrentou o chuvisqueiro e foi ao estádio, Dorival
parecia cumprir a ordem de interdição e deixou seus comandados assistindo a
virada. Quando tentou mudar era tarde, o estrago era irreversível. Só nos
restou aplaudir o Andrezinho e esperar pelos depoimentos da direção colorada.
Eu não
esperei depoimento algum, mas espero, sinceramente, que os dirigentes parem de
arrumar desculpas e tratem de buscar reforços para a nossa defesa, pois esta é
a segunda temporada que temos “o melhor time do país” (ou seria do continente)
e só ganhamos o Gauchão. Não dá para viver só de marketing. Além dos problemas
defensivos, temos problemas de comando, e não falo apenas do treinador. Se não
tivermos atitude, não chegaremos a lugar algum.
Lembra
quando saímos prematuramente da Copa Libertadores, veio o discurso de que agora
o Inter teria apenas o Brasileirão e chegaríamos ao tetra. Desperdiçamos o
começo da competição e, na melhor das hipóteses (sem computar os resultados de
domingo), em cinco rodadas já caímos para a sétima posição na tabela.
Para piorar
a situação, só falta eles terem bebido mais uma dose do bálsamo da imortalidade
lá nos Aflitos e detonarem o Palmeiras na quinta. Deus tenha piedade, pois se
isso acontecer, eles levantam mais uma Copa do Brasil. E nesse caso, a implosão
não será do Verdão, mas do Beira-Rio. Acredite, a derrota para o Botafogo além
de abater o moral colorado, reascendeu a esperança gremista.
Diante do
exposto, até podemos continuar fazendo graça com o nosso mais tradicional
adversário. Podemos dizer, enquanto eles constroem aquela arena espetacular,
que seremos o único clube brasileiro a sediar jogos de duas Copas do Mundo (Em
1950, o nosso saudoso Estádio dos Eucaliptos recebeu duas partidas da Copa).
Podermos provocá-los ao ouvirmos comentários como o do ministro dos Esportes,
que reconheceu que estão construindo, no Humaitá, o melhor CT (Centro de
Treinamentos) da Copa 2014. O que é inadmissível é pensar que tudo está 100% no
Beira-Rio. Ou mudamos o discurso, ou logo ali adiante estaremos nos
vangloriando de termos o melhor Departamento de Comunicação entre os clubes
brasileiros, o que realmente é verdade, basta acessar o site do clube e ver a
maravilha que é o material disponível para a Imprensa antes dos jogos. Tudo isso
é secundário, queremos resultados dentro de campo.
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