quinta-feira, 23 de julho de 2015

Para não ir tudo por água abaixo


Nossa região vem enfrentando, há duas semanas, muitas dificuldades pelas chuvas acima da média que trouxeram com elas uma das maiores enchentes da nossa história. Muita gente perdeu tudo que tinha em casa, alimentos, roupas, móveis. Muitos ainda nem conseguiram voltar para as suas residências. São prejuízos incalculáveis, que, necessariamente, resultarão em grandes gastos aos cofres públicos.
Situações como esta que estamos vivenciando agora, infelizmente, têm se repetido com muita frequência. Em 2013 passamos por uma enchente ainda maior que a de agora e se ouvia, por todos os lados, comentários do tipo “alguém tem de fazer alguma coisa para que tais desastres não se repitam”. Passado algum tempo (nem tanto tempo assim) o problema caiu no esquecimento das autoridades. E quem teve seus bens, literalmente, levados pela água foi remando contra a maré, tentando se recuperar como dá.
Intempéries, como a enchente que ainda estamos enfrentando, precisam ser discutidas com mais seriedade. Não basta apresentarmos soluções paliativas como doar colchões, cobertores, calçados. A solidariedade é importante, mas é preciso um estudo mais profundo sobre as cheias. É preciso investir pesado na conscientização das pessoas de que não podemos continuar jogando pela janela o lixo que produzimos, mesmo que ele esteja bem acondicionado nas tão apreciadas sacolinhas de supermercado. Lixo é coisa séria e precisa ter destino adequado, para que ele não fique espalhado pelas ruas, não apenas pelo aspecto de sujeira, mas pelos riscos que ele pode trazer quando acontecem as chuvaradas. Impressiona a quantidade de sacos plásticos, garrafas pet e tantas outras porcarias que apareceram nas águas.
Outro problema muito sério, que há décadas temos criado é a “invasão” dos banhados. Todo e qualquer terreno mais baixo, que junte água, é visto como inadequado, que traz prejuízo a seu proprietário. A solução “inteligente”, aceita por todos, é aterrar para aproveitar para a especulação imobiliária. Assim, grandes áreas que 20 ou 30 anos atrás armazenavam água depois das chuvas e mantinham a umidade da terra foram sumindo. Obviamente, que diante desse quadro, as águas das chuvas não têm outra opção senão invadir as residências em áreas mais baixas, na grande maioria, moradia de pessoas com renda mais baixa.
O problema das cheias dos rios precisa ser encarado de frente. Ainda temos áreas onde podem ser construídos os chamados bolsões de contenção, que nada mais é do que recriarmos os banhados. Assim, quando chover acima da média não precisaremos jogar a culpa em São Pedro ou em algum fenômeno que fuja do nosso controle.        

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