sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A gente era feliz e não sabia


Eu nasci numa madrugada de segunda-feira, aos 27 dias no mês de fevereiro de 1956. Minha família já era urbana, morava de aluguel numa casinha humilde, embaixo de um grande pinheiro no hoje chamado Bairro Rincão, em São Francisco de Paula. Meus pais, como a grande maioria dos brasileiros, naquela época, apostavam na industrialização do país, progresso que traria vida melhor para todo o povo. Oito anos mais tarde estávamos, definitivamente, morando no Vale do Sinos, apostando que tudo seria melhor. Hoje temos um pouco mais de conforto, reconheço, mas será que temos mais qualidade de vida?

Depois de uma certa idade, nos tornamos nostálgicos e tenho pensado em reunir meus amigos para celebrar meu aniversário. Sou grato a Deus por estes 56 anos de vida e tenho vontade de rever velhos amigos. Ocorre, entretanto, que não é tão fácil promover uma festa para dezenas de pessoas.

Pensando sobre a festa que gostaria de fazer no meu aniversário me veio à mente o quanto havia de equívoco, lá nos idos das décadas de 1950/60. O êxodo rural enriqueceu uma meia-dúzia, dizimou costumes tão belos e isolou as pessoas. Antigamente, embora não se tivesse dinheiro, como continua acontecendo hoje, não era preciso agendar visitas e nos aniversários era uma festança só. A parentada e os amigos chegavam sem avisar. Sempre havia algumas galinhas no quintal, ou uma lata de querosene cheia de carne de porco conservada na banha. Aí, bastava uma gaita e um violão e todos dançavam e se divertiam uma noite inteira. A gente era feliz e não sabia.

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