quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Escurinho / Paixão Colorada

O futebol do Rio Grande do Sul está de luto pela morte do Escurinho. As novas gerações talvez não tenham muita informação sobre ele, mas quem já acompanhava o futebol lá na década de 1970, independente de sua paixão clubística, sabe de quem eu falo e do papel que esse cidadão desempenhou. Campeão gaúcho pelo Inter nos anos de 1970, 71, 72, 73, 74, 75 e 76 e campeão Brasileiro 1975 e 76, Escurinho nunca se firmou como titular do Colorado, mas era um jogador decisivo, exímio cabeceador. Naqueles jogos encardidos, em que o 0 a 0 parecia inevitável, quando o treinador o chamava para substituir alguém, a torcida colorada vibrava como se tivesse acontecido um gol. E o temor dos adversários era sempre proporcional à euforia dos colorados. Só se ouvia o pessoal no banco do adversário gritando: “Não deixa cruzar!”, “Cuida o Escurinho na área!”. E quando ele não fazia o gol, por estar muito bem marcado, abria espaço para seus companheiro e, principalmente no Gauchão, o Inter vencia, pelo menos por “meio a zero” (Falarei sobre o meio a zero na próxima oportunidade que ocupar este espaço.).

Meio time na Seleção
Seis jogadores do seu clube convocados para um mesmo jogo reunindo duas das maiores seleções do mundo. Quer motivo melhor que esse para tirar onda com a cara do arqui-rival? Pois eu prefiro seguir com os pés no chão. Dois seis convocados para o jogo Brasil x Argentina, só três eu entendo que realmente deveria ser chamados. O Leandro Damião, que está lesionado; o D’Alessandro, que não está 100% fisicamente; e o Oscar. Os outros três, convenhamos, sem chances. O Kléber tem potencial, mas há muito tempo não corresponde, talvez prejudicado pela falta de objetividade do próprio time do Inter (Que parece começa a mudar um pouco com o Dorival Júnior.). O Bolatti está voltando de lesão e não tem embocadura de jogo. Só não foi criticado depois da partida de domingo em função do golaço que marcou. E o Guiñazu, um guerreiro que, há muito, perdeu o rumo, igualmente não está no nível de seleção. No dia em que surgir um treinador que o faça cumprir uma função marcando por setor, não correndo atrás da bola por todo o campo, talvez possa ser lembrado para a seleção argentina. Não vou mudar minha maneira de ver as coisas só para contrariar os gremistas. Minha alegria por ter a metade do nosso time convocado para um jogo entre Brasil e Argentina não pode me cegar a ponto de não perceber certas incoerências.

A fuga – parte II
É inevitável uma gozação em cima da desistência do Mário Fernandes da Seleção. Na última vez que ocupei este espaço, elogiei o garoto gremista dizendo que queria vê-lo jogando no Inter. E me convenço, cada vez mais, que é justamente isso (não estar no Inter) que está estragando a sua carreira. Abandonar o clube, como o Mário fez logo que chegou a Porto Alegre, e agora não se apresentar à Seleção Brasileira, é algo preocupante. Eu poderia dizer aqui que o problema dele é medo de encarar o Guiñazu, mas ele já mostrou nos Gre-Nais, que não se assusta. Certo é que, como em tudo na vida, as oportunidades passam e nem sempre voltam.

À palmatória
Os que me conhecem sabem que discordo do Raul Petry em muitas coisas, mais ainda quando o assunto é futebol. Mas tenho que fazer coro à sua grita contra a turma do “Já ganhou”. Pouco depois da metade do primeiro turno do Brasileirão, a grande Imprensa dava como líquida e certa a conquista do Corinthians. Não havia adversário para o Timão. Daí o Flamengo apareceu e então foi a glória. Os dois times não apenas decidiriam o título deste ano como nunca mais teriam adversários. Seria Corinthians e Flamengo disputando o caneco e os demais participando, apenas. É só analisar a história dos Brasileirões para ver que este é um campeonato difícil, que normalmente se decide nas três ou quatro rodadas finais. Não dá para assegurar, hoje, que o Vasco será campeão. Temos, pelo menos, nove clubes com condições reais de chegar ao título. Lógico que a vantagem é do Vasco, do Corinthians, do São Paulo e do Botafogo, mas pelo que temos visto, nenhum deles tem uma campanha homogênea que nos leve a crer que a situação é irreversível. Então, chega de “Já ganhou”.

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