“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente.
Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada.
Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria.
O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais passará.
As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado; limitada é também a nossa profecia. Mas quando vier a perfeição, desaparecerá o que é limitado.
Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei adulto, deixei o que era próprio de criança.
Agora vemos como em espelho e de maneira confusa; mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei como sou conhecido.
Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor.”
(I Coríntios 13: 1-13)
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
O encontro
“O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências. Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas mãos, servindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias, na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome.”
(De uma carta de Hélio Pellegrino)
(De uma carta de Hélio Pellegrino)
sábado, 13 de outubro de 2007
Dia do Professor - ainda há o que comemorar?
Comemora-se nesta segunda-feira, o Dia do Professor. Acho até que ficaria melhor dizermos que, anos atrás, comemorava-se no 15 de outubro, o Dia do Professor. Os tempos são muito difíceis para esta categoria, não apenas pelas questões salariais, mas, principalmente, pelo comportamento da sociedade e a conseqüente falta de respeito, de pais e alunos.
Lembro-me que na minha infância (E não faz tanto tempo assim!) havia algumas profissões que eram muito respeitadas, e entre elas estava o professor, a professora. Infelizmente, os tempos mudaram e hoje já não se dá o devido valor àqueles que se dedicam à educação.
Quando eu fui alfabetizado, a professora era vista por mim, e também pelos meus pais, como uma autoridade. Os pais até poderiam questionar alguma decisão da professora; as crianças, jamais. Podia até ocorrer alguns exageros, mas no somatório dos resultados, essa autoridade era sempre positiva.
Aliás, a função do professor era bem diferente da que eles desempenham atualmente. A educação começava em casa. As crianças sabiam que deviam respeitar os mais velhos, sabiam que as brincadeiras com os colegas tinham horários e limites. Haviam regras a serem seguidas. O professor passava novos conhecimentos e auxiliava na correção de alguns problemas na educação das crianças. Até entendo que o termo mais adequado para o professor era mestre e não educador. Educar era tarefa do pai, da mãe.
Hoje, com as mudanças que a sociedade sofreu, onde os adultos saem cedo de casa para o trabalho e não têm tempo para as crianças, na maioria dos casos, os pais estão mais preocupados em ter alguém que tome conta de seus filhos do que com a formação que eles terão. Ao invés de buscar um mestre, querem uma babá.
Como a estrutura que o Estado (a sociedade) oferece ao professor deixa muito a desejar, obviamente, este já não consegue instruir, muito menos educar. Como conseqüência temos, cada vez mais, crianças que não têm limites, que não respeitam nada. E o que é pior, professores desanimados, pensando em buscar outra atividade profissional.
O que no passado era um sonho (ser professor), hoje, em muitos casos, é um pesadelo. Infelizmente, por culpa de todos nós, e não destes profissionais, a alegria do professor está no feriado (Por não precisar ir à escola) e não na comemoração pelo seu dia.Conseguiremos mudar essa situação? Eu não sei! Mas tenho certeza que, sob pena de vivermos dias ainda piores, precisamos lutar pela dignidade e pelo respeito aos professores!
Lembro-me que na minha infância (E não faz tanto tempo assim!) havia algumas profissões que eram muito respeitadas, e entre elas estava o professor, a professora. Infelizmente, os tempos mudaram e hoje já não se dá o devido valor àqueles que se dedicam à educação.
Quando eu fui alfabetizado, a professora era vista por mim, e também pelos meus pais, como uma autoridade. Os pais até poderiam questionar alguma decisão da professora; as crianças, jamais. Podia até ocorrer alguns exageros, mas no somatório dos resultados, essa autoridade era sempre positiva.
Aliás, a função do professor era bem diferente da que eles desempenham atualmente. A educação começava em casa. As crianças sabiam que deviam respeitar os mais velhos, sabiam que as brincadeiras com os colegas tinham horários e limites. Haviam regras a serem seguidas. O professor passava novos conhecimentos e auxiliava na correção de alguns problemas na educação das crianças. Até entendo que o termo mais adequado para o professor era mestre e não educador. Educar era tarefa do pai, da mãe.
Hoje, com as mudanças que a sociedade sofreu, onde os adultos saem cedo de casa para o trabalho e não têm tempo para as crianças, na maioria dos casos, os pais estão mais preocupados em ter alguém que tome conta de seus filhos do que com a formação que eles terão. Ao invés de buscar um mestre, querem uma babá.
Como a estrutura que o Estado (a sociedade) oferece ao professor deixa muito a desejar, obviamente, este já não consegue instruir, muito menos educar. Como conseqüência temos, cada vez mais, crianças que não têm limites, que não respeitam nada. E o que é pior, professores desanimados, pensando em buscar outra atividade profissional.
O que no passado era um sonho (ser professor), hoje, em muitos casos, é um pesadelo. Infelizmente, por culpa de todos nós, e não destes profissionais, a alegria do professor está no feriado (Por não precisar ir à escola) e não na comemoração pelo seu dia.Conseguiremos mudar essa situação? Eu não sei! Mas tenho certeza que, sob pena de vivermos dias ainda piores, precisamos lutar pela dignidade e pelo respeito aos professores!
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Morte em vida
A véspera do feriadão do Dia da Criança foi de fortes emoções para mim. Na quarta-feira, pela manhã, eu tentava entender o que havia ocorrido na noite anterior, lá no interior de Santa Catarina, naquele duplo acidente estúpido, quando uma colega de trabalho chegou na Redação, visivelmente emocionada.
- Gente, sabe a menininha que aguardava por um transplante de coração... que fizemos matéria? Ela conseguiu um doador, fez a cirurgia, mas houve uma rejeição... Faleceu.
Quase fui às lágrimas com a história da menina de apenas cinco anos e de sua família, que acabaram vencidos pela doença.
No início da tarde, uma notícia na Internet, também de morte, levou-me a remexer nos meus baús de recordações. O falecimento de Luís Carlos Scala, zagueiro do Inter lá nos anos 60/70, vítima do Mal de Alzheimer, com apenas 67 anos, igualmente, entristeceu-me.
Mas as emoções da quarta-feira não tinham terminado. À noite, quando cheguei em casa, minha mãe, D. Flor, estava a minha espera.
- Sabe quem morreu? Perguntou, com uma tranqüilidade que talvez somente vivendo mais de 80 anos e com uma religiosidade muito forte para consegui-la.
Como sempre procuro agir nestas horas, disse, sem titubiar:
- Claro, o Scala.
Ela, que sequer sabia quem era Scala, falou:
- O Eron.
Não foi nenhuma surpresa para mim. Eu já temia que isso acontecesse, mas não pude evitar a exclamação:
- Meu Deus, que droga!
Na manhã de quinta-feira, fiz uma caminhada, depois peguei minha motinho, que é um santo remédio contra muitos males, entre eles o estresse e a depressão (Só precisa muito cuidado com os perigos do trânsito.) e rodei uns 80 km, de Novo Hamburgo a Santo Antônio da Patrulha, para despedir-me do amigo.
Aproveito, quando caminho ou ando de moto, para refletir sobre a vida. E a morte é, como diz a sabedoria popular, a coisa mais certa da vida. Logo, não me faltava assunto para a reflexão.
O que mais me incomoda, com relação ao Eron, não é a maneira como ele escolheu deixar essa vida. Minhas convicções religiosas me fazem acreditar que ele foi recebido na glória de Deus. Aborrece-me o fato de, enquanto ele viveu, não ter parado com todos os meus afazeres, num dia qualquer, para visitá-lo e dizer, como já havia contado a outras pessoas, o quanto eu gostava dele. Na minha adolescência, ele fora uma referência, um ídolo. Assim como eu admirava o Scala no futebol e sonhava jogar como ele, eu, tímido e sem graça, pensava um dia crescer e ser como o primo Eron.
- Meu Deus, que droga! O tempo passa, nossos conceitos mudam. Quem sabe, não havia alguma coisa boa em mim que pudesse ajudá-lo nesses últimos tempos.
- Meu Deus, que pena!
- Gente, sabe a menininha que aguardava por um transplante de coração... que fizemos matéria? Ela conseguiu um doador, fez a cirurgia, mas houve uma rejeição... Faleceu.
Quase fui às lágrimas com a história da menina de apenas cinco anos e de sua família, que acabaram vencidos pela doença.
No início da tarde, uma notícia na Internet, também de morte, levou-me a remexer nos meus baús de recordações. O falecimento de Luís Carlos Scala, zagueiro do Inter lá nos anos 60/70, vítima do Mal de Alzheimer, com apenas 67 anos, igualmente, entristeceu-me.
Mas as emoções da quarta-feira não tinham terminado. À noite, quando cheguei em casa, minha mãe, D. Flor, estava a minha espera.
- Sabe quem morreu? Perguntou, com uma tranqüilidade que talvez somente vivendo mais de 80 anos e com uma religiosidade muito forte para consegui-la.
Como sempre procuro agir nestas horas, disse, sem titubiar:
- Claro, o Scala.
Ela, que sequer sabia quem era Scala, falou:
- O Eron.
Não foi nenhuma surpresa para mim. Eu já temia que isso acontecesse, mas não pude evitar a exclamação:
- Meu Deus, que droga!
Na manhã de quinta-feira, fiz uma caminhada, depois peguei minha motinho, que é um santo remédio contra muitos males, entre eles o estresse e a depressão (Só precisa muito cuidado com os perigos do trânsito.) e rodei uns 80 km, de Novo Hamburgo a Santo Antônio da Patrulha, para despedir-me do amigo.
Aproveito, quando caminho ou ando de moto, para refletir sobre a vida. E a morte é, como diz a sabedoria popular, a coisa mais certa da vida. Logo, não me faltava assunto para a reflexão.
O que mais me incomoda, com relação ao Eron, não é a maneira como ele escolheu deixar essa vida. Minhas convicções religiosas me fazem acreditar que ele foi recebido na glória de Deus. Aborrece-me o fato de, enquanto ele viveu, não ter parado com todos os meus afazeres, num dia qualquer, para visitá-lo e dizer, como já havia contado a outras pessoas, o quanto eu gostava dele. Na minha adolescência, ele fora uma referência, um ídolo. Assim como eu admirava o Scala no futebol e sonhava jogar como ele, eu, tímido e sem graça, pensava um dia crescer e ser como o primo Eron.
- Meu Deus, que droga! O tempo passa, nossos conceitos mudam. Quem sabe, não havia alguma coisa boa em mim que pudesse ajudá-lo nesses últimos tempos.
- Meu Deus, que pena!
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