Os mais antigos, aqueles que trabalharam ou
viveram na roça ou no campo, ainda devem lembrar que as coisas não aconteciam
do dia para a noite. Não adiantava ficar ansioso. Uma ninhada de pintos, por
exemplo, levava (e ainda leva) 21 dias para descascar. Quando tínhamos um
familiar doente, que não morasse próximo de nós, às vezes ficávamos meses sem
notícias dele. Antigamente esperávamos o tempo certo para cada coisa; hoje tudo
acontece numa velocidade estonteante e vivemos ansiosos com as coisas deste
mundo.
Estamos no final do mês de setembro e muitos
de nós já contou nos dedos: 22 de outubro, 22 de novembro, 22 de dezembro.
Apenas 90 dias nos separam do Natal. E aí, o que pensamos? Será que pensamos
que temos que orar por nossos filhos, por nossos irmãos, por nossos pais, por nosso
companheiro, por nossa companheira? Normalmente não é isso que nos vem à mente.
Pensamos que é preciso apressar o passo para não deixar para a última hora a
compra dos presentes que queremos dar a eles.
Ai vem a ansiedade pelas coisas terrenas. São
os presentes, o dinheiro que, via de regra, é pouco para tudo que gostaríamos
de comprar. Muitos de nós viverá os próximos três meses angustiado, mais
angustiado, por que não terá como resolver todas essas questões relacionadas às
compras natalinas. E assim, certamente, no dia 23 de dezembro, um sábado,
alguns ainda estarão batendo cabeça a procura de presentes.
Não tenha dúvidas, essa pessoa, ainda que
encontre, na última hora, o presente procurado, chegará à noite de 24 de
dezembro muito estressada, sem condições de participar da grande festa de
aniversário de Jesus. Poderá ter comprado presentes e lembrancinhas para todos
os familiares e amigos, mas muito provavelmente nem terá lembrado que naquele
dia a festa é para Jesus.
Na segunda leitura bíblica indicada para este
domingo, São Paulo orienta Timóteo: "Antes de tudo, recomendo que façam
pedidos, orações, súplicas e ações de graça em favor de todos os homens,
(inclusive) pelos reis e por todos os que têm autoridade, a fim de que levemos
uma vida calma e serena, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável
diante de Deus nosso Salvador."
Ouçamos, nós também, a recomendação de São
Paulo e oremos para que tenhamos a verdadeira compreensão do sentido da vida e
do Natal, que não caiamos nas tentações mundanas e que possamos contribuir para
que as pessoas que nos rodeiam também se voltem para Deus. E como diz a Coleta
do Dia recomendada para este 18º Domingo depois de Pentecostes, "que não
andemos ansiosos quanto às coisas terrenas, que são passageiras, mas que amemos
as celestiais que permanecem para sempre."
Aliás, a Coleta do Dia, transcrita na página
132 do Livro de Oração Comum (Próprio 20), pode servir para nossas preces
diárias como um santo remédio contra a ansiedade. Que Deus nos abençoe e nos
faça compreender melhor a sua vontade. Amém.
As leituras bíblicas recomendadas para este
18º Domingo depois de Pentecostes são as seguintes:
Amos 8:4-7 (9-12)
Salmo 138
I Timóteo 2:1-8
São Lucas 16: 1-13